alguns segundos depois, um homem bigodudo com uma espingarda
pendurada no ombro apareceu correndo no jardim para colocar a mobília no
lugar.
— Você não sabe como o seu amigo Christopher estava quando
chegou aqui do Iraque. Ele estava em frangalhos. Eu lhe dei uma casa. Uma
família. Uma mulher.
— E trabalho. Bastante trabalho.
— Ele é muito bom no que faz.
— Sim, eu sei.
— Melhor do que você.
— Quem disse isso?
O don sorriu. O silêncio pairou e Gabriel aproveitou a pausa para
escolher as próximas palavras com muito cuidado:
— Não é uma maneira adequada para Christopher ganhar a vida.
— “Quem mora em casa de vidro não deveria atirar pedras.”
— Eu nunca soube que era um provérbio corso.
— Todas as coisas sábias vêm da Córsega. — Orsati afastou o prato e
apoiou os antebraços pesadamente na mesa. — Existe algo que você parece
não compreender. Christopher é mais do que o meu melhor taddunaghiu. Eu
o amo como um filho. E, se algum dia ele fosse embora... eu ficaria de
coração partido.
— O pai biológico de Christopher acha que ele está morto.
— Não havia outra maneira.
— Como você se sentiria se os papéis fossem trocados?
Orsati não tinha resposta, então mudou de assunto:
— Você realmente acha que esse amigo seu da inteligência britânica
estaria interessado em levar Christopher de volta para a Inglaterra?
— Ele seria um tolo se não o fizesse.
— Mas talvez ele se negue. E, ao discutir a questão, você pode pôr
em risco a posição de Christopher aqui na Córsega.
— Eu vou fazer tudo de uma forma que não o ameace.
— Seu amigo é um homem de confiança?
— Eu confiaria minha própria vida a ele. Na verdade, já fiz isso
muitas vezes.
Orsati respirou fundo, resignado. Estava prestes a dar sua bênção à
proposta incomum de Gabriel quando o celular vibrou novamente. Dessa
vez ele atendeu. Ouviu em silêncio por um instante, falou algumas palavras
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1