Orsati deu de ombros.
— São um infeliz efeito colateral de nosso negócio — falou ele num
tom filosófico. — Em geral, tentamos deixá-los onde caem. Mas,
ocasionalmente, os clientes pagam um pouco a mais para que eles
desapareçam. Nosso método favorito é colocá-los em caixões de concreto e
enviá-los para o fundo do mar. Só Deus sabe quantos estão lá embaixo.
— Quanto Paul pagou?
— Cem mil.
— Como foi a divisão?
— Metade para mim, metade para o homem com o barco.
— Só metade?
— Sorte dele ter recebido tanto.
— E quando você soube que a garota inglesa tinha desaparecido?
— É óbvio que suspeitei. Quando vi a foto de Paul nos jornais... Basta
dizer que não fiquei satisfeito. A última coisa que eu preciso é de problemas.
São ruins para os negócios.
— Você não aceita sequestrar mulheres jovens?
— Suspeito que nem você.
Gabriel permaneceu em silêncio.
— Não quis ofender — disse o don sinceramente.
— Não ofendeu, Don Orsati.
Anton encheu seu prato com pimentões assados e berinjela e
encharcou-os com azeite de oliva do clã. Gabriel tomou um pouco de vinho,
elogiou a comida e perguntou pelo nome do homem com o barco rápido que
conhecia as águas locais, como se não tivesse o mínimo interesse na resposta.
— Estamos entrando em território sensível — alertou Orsati. — Eu
faço negócios com essas pessoas o tempo todo. Se descobrirem que as traí, as
coisas ficariam feias, Allon.
— Posso garantir, Don Orsati, que eles nunca vão saber como eu
obtive a informação.
Orsati não pareceu convencido.
— Por que essa garota é tão importante a ponto de o grande Gabriel
Allon procurá-la?
— Digamos que ela tem amigos poderosos.
— Amigos? — Orsati balançou a cabeça, cético. — Se você está
envolvido, é mais do que isso.
— Você é muito sábio, Don Orsati.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1