A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

O carro com motorista que transportava Mitchell Elliott chegou à sua casa
na cidade, em Califórnia Street, pouco depois das oito horas da noite. Fora um dia
muito longo, a maior parte do qual passado em Capitol Hill, a adular. Elliott andava
no mundo da política há tempo suficiente para perceber que, em Washington, a
euforia tinha a tendência de se desvanecer rapidamente. Regra geral, as promessas
feitas por presidentes acabavam por expirar, vítimas de milhares de golpes em
comité. Só dali a muitos meses é que a defesa nacional antimíssil iria perante o
Congresso para ser votada. Nessa altura, a tragédia do Voo 002 seria uma
recordação longínqua e Beckwith um presidente inapto. Caberia a Elliott a tarefa de
garantir que o programa não ia por água abaixo. Espalhara milhões de dólares por
Capitol Hill. Metade dos membros do Congresso lhe devia. Ainda assim, sabia que
seria necessária toda a sua influência e imaginação para se certificar de que o
projeto chegava ao fim.
O carro parou junto à beira. Mark Calahan saiu e abriu a porta. Elliott
entrou dentro de casa e subiu as escadas, dirigindo-se à biblioteca. Serviu-se de um
copo de scotch e foi para o quarto. A porta da casa de banho abriu e uma mulher
entrou no quarto, trazendo vestido um roupão de veludo, o cabelo úmido devido ao
duche. Elliott ergueu o olhar.
─ Olá, Monica, querida, conta-me o teu dia.
─ Ele subestima-me ─ queixou-se, deitada ao lado dele, na cama. ─ Toma-
me por idiota. Acha que é mais esperto do que eu e eu detesto pessoas que pensam
que são mais espertas do que eu.
─ Deixa-o te subestimar ─ aconselhou Elliott. ─ É um erro fatal, neste caso
literalmente.
─ Fui obrigada a reabrir a investigação hoje. Não tive escolha. Osbourne
conseguiu descobrir muito do teu joguinho.
─ Só arranhou a superfície, Monica. Sabe disso tão bem quanto eu. E, além
disso, ele jamais entenderá tudo. Osbourne está encurralado numa casa de
espelhos.
─ Ele sabe a identidade dos teus assassinos e acha que sabe por que estão
matando.
─ Não sabe quem está por trás deles e nunca chegará a saber.
─ Tive de lançar um alerta mundial em nome deles, Mitchell.
─ Quem controla a distribuição em Langley?
─ Sou eu que recebo tudo ─ disse ela. ─ Teoricamente, ninguém mais a
verá. E mandei McManus dar um recado, por isso a agência está completamente às
escuras.

Free download pdf