A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

se da noite morna, dos arcos voltaicos e do arame farpado, do fedor intenso a
estrume no ar. Lembrava-se de erguer a arma e de matar os companheiros. Naquele
momento, a caminhar pela manhã gelada do Vermont, fechou os olhos e pensou
nisso, nas primeiras mortes.
Agira segundo as ordens de Vladimir. Descrever Vladimir como sendo o
seu agente de casos seria um eufemismo. Vladimir era o seu mundo. Vladimir era
tudo para Delaroche: professor, padre, algoz, pai. Ensinou-o a ler e a escrever.
Ensinou-lhe línguas e história. Ensinou-o a ser espião e a matar. Quando chegou a
altura de ir para o Ocidente, Vladimir entregou Delaroche a Arbatov, da mesma
forma que um pai confia um filho a um familiar. A última ordem de Vladimir foi
que matasse os seus acompanhantes. Esse ato instilou algo muito importante em
Delaroche: nunca confiaria em ninguém, sobretudo em alguém do seu próprio
serviço. Quando cresceu, acabou por perceber que fora exatamente isso que
Vladimir tivera em mente.
O terreno suavizou-se à medida que desceram pela aresta. Delaroche,
utilizando um mapa e um compasso, guiou-os até os arredores de uma aldeia
chamada Highgate Springs, três quilômetros a sul da fronteira. O segundo Range
Rover esperava-os, parado junto a uns pinheiros que orlavam um campo de milho
coberto de neve. Delaroche colocou o equipamento na parte de trás e entraram no
carro. Desta vez, o motor pegou de primeira.
Delaroche conduziu cuidadosamente ao longo da estrada gelada de duas
vias. Astrid, exausta devido à caminhada, entrou de imediato num sono profundo e
sem sonhos. Quarenta minutos mais tarde, Delaroche chegou à Interstate 89 e
rumou a sul.

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