EPÍLOGO
MYKONOS, GRÉCIA
Era a villa que ninguém queria. Estava localizada no topo de um penhasco,
com vista para o mar, exposta ao vento eterno. Stavros, o agente imobiliário,
desistira da ideia de vender a propriedade. Limitava-se a alugá-la todos os anos ao
mesmo clã de jovens corretores ingleses que pilhavam a ilha em Agosto para três
semanas de bebedeiras.
O francês com a mão ferida passou apenas cinco minutos dentro da casa.
Percorreu os quartos e a sala de estar e inspecionou a vista do terraço de pedra.
Prestou particular atenção à cozinha, que o fez franzir o cenho.
─ Conheço homens que lhe podem fazer o trabalho, se desejar fazer
renovações ─ disse Stavros.
─ Isso não será necessário ─ respondeu o francês. ─ Eu próprio tratarei
disso. ─ Mas a sua mão ─ assinalou Stavros, apontando com a cabeça para a
ligadura. ─ Isto não é nada ─ alegou o francês. ─ Um acidente na cozinha. Em
breve vai sarar.
Stavros franziu o sobrolho, como se achasse a história pouco convincente. ─
E alugada com frequência ─ continuou. ─ Se quiser deixar a ilha na época alta,
tenho a certeza de que consigo arranjar um bom preço por ela, sobretudo se fizer
reparações.
A villa já não é para alugar. ─ Muito bem. Quando gostaria de...
─ Amanhã ─ antecipou-se o francês. ─ Dê-me um número de conta e o
dinheiro será depositado esta tarde.
─ Mas, monsieur, o senhor não é grego. Não é fácil para um estrangeiro
comprar um imóvel. Existem impressos para preencher, documentos legais. Estas
coisas levam tempo.
─ Trate de tudo, senhor Stavros. Mas amanhã de manhã mudo-me para cá.
Passou o resto do Inverno dentro de casa. Quando a mão ficou suficientemente
boa, começou a trabalhar, restaurando a villa com a devoção de um monge a copiar
livros antigos. Kristos, o homem da loja de artigos para o lar ofereceu-se para