A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

WASHINGTON, D. C.


Na manhã seguinte, Paul Vandenberg folheou uma pilha de jornais
enquanto o sedan preto com motorista percorria rapidamente a George
Washington Parkway, em direção à Casa Branca. A maior parte dos elementos da
administração preferia passar os olhos por um resumo das notícias, preparado
todas as manhãs pelo gabinete de imprensa da Casa Branca, mas Vandenberg, um
leitor rápido e prodigioso, queria o material verdadeiro. Gostava de ver o
tratamento que era dado a um artigo. Encontrava-se na metade superior ou inferior
da página do jornal? Estava na primeira página, ou escondida no interior? Além
disso, não confiava em resumos. Gostava de informação pura, de dados não
adulterados. A sua mente conseguia armazenar e processar doses enormes de
informação, ao contrário do patrão, que necessitava de porções mínimas.
Vandenberg gostou do que viu. O atentado ao Voo 002 dominava as primeiras
páginas dos mais importantes jornais do país. A campanha presidencial parecia ter
deixado de existir. O Los Angeles Times tinha o grande furo da manhã: agentes da
segurança interna americana tinham atribuído a responsabilidade à Espada de
Gaza. O jornal expunha o caso em pormenor, acompanhado de uma representação
gráfica exata do atentado e de um esboço biográfico do terrorista envolvido,
Hassan Mahmoud. Vandenberg sorriu. A ideia de transmitir uma fuga de
informação ao Los Angeles Times fora sua. Era o jornal mais importante da
Califórnia e a administração precisaria de um empurrãozinho ou dois na reta final
antes do dia das eleições.
O restante material também era bom. A viagem de Beckwith a Long Island
fora alvo de uma grande cobertura. O New York Times e o Washington Post
publicaram a transcrição integral dos seus comentários no serviço fúnebre. Todos
os jornais exibiam a mesma fotografia, da Associated Press, de Beckwith a consolar
a mãe de uma das jovens vítimas. Beckwith como figura paternal. Beckwith como
principal figura de luto. Beckwith como anjo vingador. Sterling fora ofuscado. A
digressão de campanha pela Califórnia não recebeu praticamente qualquer
atenção. Era perfeito.
O carro chegou à Casa Branca. Vandenberg apeou-se e entrou na Ala Oeste.
O seu gabinete era amplo e fora mobilado com bom gosto, tendo portas de correr
que permitiam o acesso a um pequeno pátio em laje que dava para o Relvado Sul.
Instalou-se à secretária e folheou uma pilha de mensagens telefônicas. Deu uma
vista de olhos à agenda do Presidente. Vandenberg cancelara tudo o que não
tivesse a ver com o Voo 002. Queria Beckwith repousado e descontraído quando

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