— Você iria para a Síria?
— Agora mesmo.
— E a sua vida? Você daria sua vida por essa chance?
— Nós não fazemos missões suicidas. Não somos como eles.
— Mas você não pode garantir que eu vou estar segura.
— A única coisa que eu posso garantir — disse Dina, com firmeza — é que Saladin
está planejando mais ataques, e que mais pessoas inocentes vão morrer.
Dina jogou a última peça de roupa na mala aberta de Natalie. Havia um item que não
era dela. Uma faixa de seda azul royal, com cerca de um metro por um metro.
— O que é isso? — perguntou Natalie, segurando a peça. E então, antes que Dina
pudesse responder, ela compreendeu. O metro quadrado de seda azul royal era um
hijab. — Um presente de despedida?
— Uma ferramenta para ajudar com sua transformação. A roupa árabe é muito eficaz
para alterar aparências. Vou mostrar — Dina pegou o hijab da mão de Natalie, dobrou
em um triângulo e, habilidosamente, o amarrou em torno de sua própria cabeça e
pescoço. — Como estou?
— Como uma judia asquenaze usando um lenço muçulmano.
Franzindo as sobrancelhas, Dina tirou o hijab e o ofereceu a Natalie.
— Sua vez.
— Não quero.
— Deixe que eu ajudo.
Antes que Natalie pudesse escapar, o triângulo azul royal tinha sido colocado sobre
seu cabelo. Dina juntou o tecido por baixo do queixo de Natalie e o prendeu com um
alfinete. Então, pegou as duas pontas soltas, uma pouco mais longa que a outra, e as
amarrou na base do pescoço de Natalie.
— Pronto — disse Dina, fazendo alguns ajustes. — Veja você mesma.
Acima da cômoda havia um espelho oval. Natalie olhou seu reflexo por um longo
momento, hipnotizada. Por fim, perguntou:
— Qual é meu nome?
— Natalie — respondeu Dina. — Seu nome é Natalie.
— Não o meu nome. O nome dela.
— O nome dela — disse Dina — é Leila.
— Leila — repetiu Natalie. — Leila...
Saindo de Nahalal, Dina notou pela primeira vez que Natalie era linda. Antes, em
Jerusalém e com os outros no almoço, não houvera tempo para esse tipo de observação.
Natalie era simplesmente um alvo. Era um meio para um fim, e o fim era Saladin. Mas