A Viúva Negra

(Carla ScalaEjcveS) #1

Dra. Hadawi estava saindo de uma loja de roupas de praia. A garota bonita estava do
lado de fora, na rua estreita.
— Você está hospedada no meu hotel — disse ela.
— Sim, acho que estou.
— Meu nome é Miranda Ward.
Dra. Leila Hadawi estendeu a mão e se apresentou.
— Que nome bonito. Quer tomar um drinque?
— Estava voltando agora para o hotel.
— Não aguento mais as pessoas no nosso bar. Um monte de ingleses! Especialmente
aquele cara careca e a mulher rechonchuda dele. Meu Deus, que insuportáveis! Se
reclamarem de novo do serviço, vou ter um treco.
— Vamos para outro lugar, então.
— Isso, vamos.
— Aonde?
— Você já foi ao Tango?
— Acho que não.
— É por aqui.
Ela pegou o braço de Natalie como se tivesse medo de perdê-la e a levou pela
sombra. Era magra, loira, sardenta e cheirava a bala de cereja e a coco. Suas sandálias
batiam nos paralelepípedos como a palma de uma mão batendo no rosto de um infiel.
— Você é francesa — disse ela de repente, em tom acusatório.
— Sou.
— Francesa francesa?
— Minha família é da Palestina.
— Entendi. Que pena tudo aquilo.
— O quê?
— Toda a coisa dos refugiados. E aqueles israelenses! Criaturas horríveis.
Dra. Hadawi sorriu, mas não disse nada.
— Você está aqui sozinha? — perguntou Miranda Ward.
— Não era o plano, mas parece que acabou sendo assim.
— O que houve?
— Minha amiga teve que cancelar na última hora.
— O meu também. Ele me largou por outra mulher.
— Seu amigo é um idiota.
— Mas era lindo. Chegamos.
O Tango geralmente só enchia tarde da noite. Elas atravessaram o interior vazio com
ar de caverna até o terraço. Natalie pediu uma taça de vinho branco de Santorini;
Miranda Ward, um vodca martíni. Tomou um gole pequeno, fez careta e colocou a taça
de volta na mesa.
— Não gostou? — perguntou Natalie.
— Na verdade, eu nunca toco em álcool.

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