A Viúva Negra

(Carla ScalaEjcveS) #1

dedos ficaram imóveis e depois voltaram a explorar as costas dela.
— Será que podemos tomar um drinque quando isto acabar ou não é permitido? —
perguntou ela.
— Feche os olhos — foi só o que ele disse.
Os dedos foram alguns centímetros mais para baixo nas costas dela. Ela colocou a
palma da mão sobre a coxa dele e apertou suavemente.
— Não — disse ele, e então: — Ainda não.
Ela tirou a mão e colocou-a embaixo do queixo enquanto os dedos dele acariciavam
suas costas. O sono a perseguia, e ela o mantinha afastado.
— Diga a ele que não posso ir em frente — falou, sonolenta. — Diga a ele que
quero ir para casa.
— Durma, Leila — foi só o que ele disse, em voz baixa, e ela dormiu. E pela manhã,
quando acordou, ele tinha ido embora.


As habitações de Thera pareciam cubos de açúcar e ainda estavam cor-de-rosa à luz do
nascer do sol quando Natalie e Miranda Ward saíram para a rua silenciosa às sete e
quinze. Caminharam até o ponto de táxi mais próximo, cada uma levando uma mala de
rodinhas, e contrataram um carro para levá-las pela costa até o terminal de balsas em
Athinios. A travessia até Kos, para o leste, demorava quatro horas e meia; elas a
passaram no deque banhado de sol e no café do navio. Deixando de lado seu
treinamento, Natalie procurava ativamente observadores entre os rostos dos outros
passageiros, esperando que Mikhail estivesse entre eles. Não reconheceu ninguém.
Parecia que estava sozinha agora.
Em Kos, tiveram de esperar uma hora pela próxima balsa para o porto turco de
Bodrum. Era uma jornada mais curta, menos de uma hora, com rigoroso controle de
passaporte de ambos os lados. Miranda Ward deu a Natalie um passaporte belga e a
instruiu a esconder seu passaporte francês bem no fundo da mala. A fotografia no
passaporte belga era de uma mulher de 30 e poucos anos e etnia marroquina. Cabelo
preto, olhos pretos; não ideal, mas próximo o suficiente.
— Quem é? — perguntou Natalie.
— É você — respondeu Miranda Ward.
O policial na fronteira grega em Kos também pareceu achar que sim, bem como seu
colega turco em Bodrum, que carimbou o passaporte após inspecioná-lo brevemente e,
com o semblante fechado, convidou Natalie a entrar na Turquia. Miranda a seguiu
alguns segundos depois e, juntas, foram até o estacionamento caótico, onde uma fila de
táxis fritava sob o sol escaldante do meio da tarde. Em algum lugar soou uma buzina, e
um braço acenou da janela da frente de uma empoeirada Mercedes cor de creme.

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