A Viúva Negra

(Carla ScalaEjcveS) #1

manhã em que voltara a seu apartamento em Jerusalém e encontrara Dina Sarid sentada à
mesa da cozinha. Seria um desastre, pensou, se morresse ou ficasse gravemente ferida em
um acidente. Colocou um endereço no celular e foi informada de que o percurso de
trinta e oito quilômetros levaria bem mais de uma hora por causa do trânsito mais
congestionado que o normal. Ela sorriu; estava contente com o atraso. Tirou o hijab e o
colocou com cuidado na bolsa. Então, engatou a marcha e seguiu lentamente para a
saída.


Não por acaso o Impala era vermelho; o FBI tinha secretamente interferido na reserva.
Além disso, os técnicos do Bureau tinham colocado um radiofarol e grampos no
interior. O resultado era que os analistas de plantão no andar de Operações do Centro
Nacional de Contraterrorismo ouviram Natalie cantando baixinho para si mesma em
francês enquanto dirigia pela Dulles Access Road em direção a Washington. Em uma
das telas de vídeo gigantes, as câmeras de trânsito rastreavam todos os seus movimentos.
Em outra, piscava a luz azul do radiofarol. O celular dela emitia seu próprio sinal. Seu
número francês aparecia em uma caixa retangular sombreada, ao lado da luz azul
piscante. O Escritório tinha acesso em tempo real a chamadas de voz, mensagens de texto
e e-mails dela. E agora que o telefone estava em solo americano, conectado a uma rede de
celular americana, o CNC também tinha acesso.
O carro vermelho passou a alguns metros do campus de Liberty Crossing e
continuou pela Interstate 66 até a seção de Rosslyn, em Arlington, na Virginia, onde
entrou na garagem aberta do Key Bridge Marriott. Ali, a luz azul do radiofarol parou.
Mas, depois de um intervalo de trinta segundos — o suficiente para uma mulher
arrumar o cabelo e tirar a bagagem do porta-malas —, a caixa retangular sombreada do
celular foi até a entrada do hotel. Ela parou brevemente no balcão da recepção, onde a
dona do aparelho, uma mulher árabe de 30 e poucos anos, usando véu, com passaporte
francês, deu seu nome para a recepcionista. Não havia necessidade de apresentar um
cartão de crédito; o ISIS já tinha pago pelo quarto e por qualquer despesa extra. Cansada
de um longo dia de viagem, ela aceitou com gratidão um cartão eletrônico que abria a
porta de seu quarto e arrastou a mala lentamente pelo lobby na direção dos elevadores.


Depois de apertar o botão, Natalie percebeu a mulher bonita, quase 30 anos, cabelo loiro
na altura dos ombros, mala Louis Vuitton falsa, observando-a de um banco de bar no

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