A Viúva Negra

(Carla ScalaEjcveS) #1

O


ARLINGTON, VIRGINIA

presidente francês e sua glamorosa esposa ex-modelo chegaram à Base Militar
Andrews às sete daquela manhã. O comboio que levou o casal do subúrbio de Maryland
até a Casa Blair — a mansão federal de hóspedes localizada na Pennsylvania Avenue em
frente à Casa Branca — era o maior que todos já tinham visto. As muitas ruas fechadas
causaram congestionamento nos cruzamentos do rio Potomac e transformaram o centro
de Washington em um estacionamento para milhares de motoristas. Infelizmente, as
interrupções na vida da capital só iam piorar. Naquela manhã, mais cedo, o jornal The
Washington Post relatara que a operação de segurança para a reunião de cúpula franco-
americana era a mais extensa desde o começo do último mandato. A principal ameaça,
dizia o jornal, era um ataque do ISIS. Mas nem o venerável Post, com suas muitas fontes
dentro da comunidade de inteligência americana, estava ciente da verdadeira natureza do
perigo que pairava sobre a cidade.
Naquela noite, os esforços intensos para evitar um ataque estavam centrados em um
hotel aos pés da Key Bridge, em Arlington, na Virginia. Em um quarto no oitavo andar
estavam duas mulheres — uma era agente da inteligência israelense; a outra, agente de
um homem chamado Saladin. A presença da segunda em solo americano fizera soar
alarmes dentro do CNC e em todo o resto do aparato de segurança nacional americano.
Uma dezena de diferentes agências governamentais estavam tentando desesperadamente
descobrir como ela conseguira entrar no país e há quanto tempo estava lá. A Casa Branca
fora informada da situação. Dizia-se que o presidente tinha ficado lívido.
Às oito e meia daquela noite, as duas decidiram sair do hotel para jantar. O concierge
aconselhou-as a evitar Georgetown — “está um caos, por causa do trânsito” — e lhes
indicou um restaurante de carnes na região de Clarendon, em Arlington. Natalie dirigiu
até lá em seu Impala vermelho e estacionou em uma vaga pública na Wilson Boulevard.
O restaurante era um estabelecimento que não aceitava reservas, famoso pelo tamanho
das porções e das filas. A espera por uma mesa era de trinta minutos, mas havia uma
pequena mesa alta e redonda disponível no bar. O cardápio tinha dez páginas laminadas
em plástico e encadernadas com espiral. Safia Bourihane folheou-o aleatoriamente,
confusa.
— Quem consegue comer tanto? — perguntou em francês, virando outra página.
— Os americanos — disse Natalie, observando a clientela bem alimentada ao seu
redor. O espaço tinha teto alto e era incrivelmente barulhento. Ou seja, o lugar perfeito
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