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CASA BRANCA
uito depois, a reunião entre o líder americano e o francês seria lembrada como a mais
interrompida da história. Três vezes o presidente americano foi convocado à Sala de
Comando. Duas vezes, foi sozinho para lá, deixando o presidente francês e seus
assistentes mais próximos no Salão Oval. Da terceira vez, o presidente francês também
foi. Afinal, as duas mulheres no quarto 822 do Key Bridge Marriott tinham passaportes
franceses, embora os dois documentos fossem fraudulentos. Por fim, os dois líderes
conseguiram passar uma hora juntos sem interrupções antes de ir para uma coletiva de
imprensa conjunta na Ala Leste. O presidente americano ficou com a cara fechada o
tempo todo, e suas respostas foram incomumente longas e confusas. Um repórter disse
que o presidente parecia irritado com seu colega francês. Nada podia estar mais longe da
verdade.
O presidente francês saiu da Casa Branca às três da tarde e voltou à Casa Blair.
Naquele mesmo momento, o Departamento de Segurança Nacional publicou um alerta
escrito de forma vaga sobre um possível ataque terrorista em solo americano, talvez na
região metropolitana de Washington. Como o boletim não atraiu atenção suficiente —
só um canal de notícias a cabo se deu ao trabalho de veiculá-lo —, o secretário
rapidamente convocou uma coletiva de imprensa para repetir o alerta em frente às
câmeras. Seu comportamento tenso deixou claro que não se tratava de uma declaração
feita apenas para se proteger caso algo desse errado. A ameaça era real.
— Haverá alguma mudança na agenda do presidente? — perguntou um repórter.
— Neste momento, não — respondeu o secretário de modo sigiloso.
Ele então listou diversos passos tomados pelo governo federal para evitar ou
interceptar um ataque potencial, mas não mencionou a situação que se desdobrava do
outro lado do rio Potomac, onde, às doze e dezoito, duas mulheres — indivíduos um e
dois, como eram conhecidas — tinham retornado ao seu quarto de hotel após uma breve
saída para compras. Indivíduo um pendurara uma sacola da Macy’s no armário,
enquanto indivíduo dois colocara dois pacotes suspeitos — sacolas de compras da
L.L.Bean — no chão, perto da janela. Três vezes, os microfones ouviram o indivíduo
um perguntar sobre o conteúdo das sacolas. Três vezes, indivíduo dois se recusou a
responder.
Todo o aparato de segurança nacional dos Estados Unidos estava desesperadamente
se perguntando a mesma coisa. A forma como as sacolas chegaram ao porta-malas do