A Viúva Negra

(Carla ScalaEjcveS) #1

E


ARLINGTON, VIRGINIA

ra um duplex pequeno, dois andares, revestimento de alumínio. A unidade da
esquerda era pintada de cinza-granito. A da direita, de Qassam el-Banna, era da cor
envelhecida de uma camiseta branca que ficara secando tempo demais em um radiador.
Cada unidade tinha uma única janela no térreo e uma única janela no segundo andar.
Uma cerca de arame dividia o jardim da frente em lotes separados. O da esquerda era um
primor, mas o de Qassam parecia ter sido mastigado por bodes.
— Obviamente — observou Eli Lavon, sombriamente, do banco traseiro do Buick
—, ele não tem tido muito tempo para jardinagem.
Estavam estacionados do outro lado da rua, em frente a um duplex de construção e
condição idênticas. No espaço em frente ao duplex cinza-branco estava um Acura sedã,
ainda com a placa da concessionária.
— Belo carro — disse Lavon. — O que o marido dirige?
— Um Kia — respondeu Gabriel.
— Não estou vendo um Kia.
— Nem eu.
— A esposa dirige um Acura, o marido dirige um Kia. O que está errado aí?
Gabriel não ofereceu uma explicação.
— Como se chama a esposa?
— Amina.
— Bonito. Egípcio?
— Parece que sim.
— Filhos?
— Um menino.
— De que idade?
— Dois anos e meio.
— Então, não vai se lembrar do que vai acontecer.
— Não — concordou Gabriel. — Não vai lembrar.
Um carro passou na rua. O motorista tinha o rosto de um nativo da América do Sul
— boliviano, talvez peruano. Ele não pareceu notar os três agentes da inteligência
israelense sentados no Buick Regal estacionado do outro lado da rua de uma casa cujo
proprietário era um jihadista egípcio, que passara despercebido pelas fendas da vasta
estrutura de segurança americana do pós-11 de Setembro.
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