A
ARLINGTON, VIRGINIA
mina el-Banna era residente legal dos Estados Unidos há mais de cinco anos, mas sua
compreensão de inglês era limitada. Por isso, Gabriel a questionou em seu árabe, que
também era limitado. Ele o fez na minúscula mesa da cozinha, com Mikhail vigiando na
porta, e em uma voz que não era alta o suficiente para acordar a criança dormindo no
andar de cima. Ele não hasteou uma bandeira falsa fingindo ser americano, pois essa
farsa não seria possível. Amina el-Banna, egípcia do Delta do Nilo, sabia muito bem que
ele era israelense e, consequentemente, tinha medo dele. Ele não fez nada para
tranquilizá-la. O medo era seu cartão de visitas e, em um momento como esse, com uma
agente nas mãos do grupo terrorista mais violento já visto pelo mundo, era também seu
único recurso.
Ele explicou os fatos a Amina el-Banna da forma como os conhecia. O marido dela
era membro da célula de terror do ISIS que acabara de destruir Washington. Ele não era
um figurante; era um ativo operacional importante, um planejador que pacientemente
tinha encaixado as peças e dado cobertura às células de ataque. Muito provavelmente,
Amina seria processada como cúmplice e passaria o resto da vida na cadeia. A não ser, é
claro, que cooperasse.
— Como posso ajudar? Eu não sei nada.
— Sabia que Qassam era dono de uma transportadora?
— O Qassam? Uma transportadora? — ela balançou a cabeça, incrédula. — O
Qassam trabalha com TI.
— Quando foi a última vez que o viu?
— Ontem pela manhã.
— Onde ele está?
— Não sei.
— Tentou ligar para ele?
— É claro.
— E?
— A ligação vai direto para a caixa postal.
— Por que não ligou para a polícia?
Ela não respondeu. Gabriel não precisava da resposta. Ela não tinha ligado para a
polícia, pensou ele, porque achava que seu marido era um terrorista do ISIS.
— Ele tomou providências para você e seu filho irem para a Síria?