semente da qual nasceu o ISIS. E também não há dúvida de que o fracasso em deixar
uma força residual americana no Iraque em 2011, combinado com a eclosão da guerra
civil na Síria, permitiu que o grupo prosperasse e se espalhasse dos dois lados de uma
fronteira cada vez mais insignificante. Desprezar o grupo como “não islâmico” ou “não
um Estado” é uma ilusão e, no fim, algo contraproducente e perigoso. Como apontou o
jornalista e pesquisador Graeme Wood em um estudo inédito sobre o ISIS na revista
The Atlantic: “A realidade é que o Estado Islâmico é islâmico. Muito islâmico.” E está
rapidamente assumindo muitas das funções de um Estado moderno, emitindo a seus
cidadãos desde cartas de motorista até licenças para pescar.
Pelo menos quatro mil ocidentais foram seduzidos pelas trombetas que chamam ao
califado, incluindo mais de quinhentas mulheres. Uma base de dados mantida pelo
Instituto para o Diálogo Estratégico, de Londres, descobriu que a maioria delas é
adolescente ou está no começo dos 20 anos, e tem grande probabilidade de ter ficado
viúva jovem. Outras enfrentam a possibilidade bastante real de perder suas próprias
vidas no mundo violento do califado. Em fevereiro de 2015, três adolescentes
radicalizadas de Bethnal Green, em East London, saíram do Reino Unido em um voo
com direção a Istambul e chegaram até a cidade de Raqqa, capital não oficial do califado.
Em dezembro de 2015, com a cidade sofrendo ataques aéreos dos russos e dos
americanos, qualquer contato com as garotas foi perdido. Hoje, suas famílias temem que
elas estejam mortas.
Muitos recrutas ocidentais do ISIS, homens e mulheres, voltaram para casa. Alguns
ficaram desiludidos; outros continuam comprometidos com a causa do califado; outros,
ainda, estão preparados para deflagrar atos de terror e de assassinato em massa em nome
do islã. Em curto prazo, a Europa Ocidental é a mais ameaçada, em grande medida por
causa da enorme e irrequieta população muçulmana vivendo dentro de suas fronteiras
abertas. O ISIS não precisa inserir terroristas na Europa Ocidental porque os terroristas
em potencial já estão lá. Eles vivem nas banlieues da França e nos bairros muçulmanos de
Bruxelas, Amsterdã, Copenhague, Malmö, East London e Luton. Na época em que este
livro foi escrito, o ISIS tinha cometido atentados devastadores em Paris e Bruxelas. Os
responsáveis, na maior parte, haviam nascido no Ocidente e carregavam passaportes
europeus em seus bolsos. Certamente, haverá mais atentados, pois os serviços de
segurança da Europa Ocidental se provaram lamentavelmente despreparados —
especialmente a Sûreté belga, que permitiu a criação de um porto-seguro do ISIS no
coração de Bruxelas.
O solo americano, porém, é o alvo final do ISIS. Enquanto eu pesquisava para este
romance, fiquei impressionado com o número de vezes que ouvi alguém dizer que um
atentado a uma cidade americana é iminente, não vai demorar. Também me impressionei
com o número de vezes que um oficial de alta patente do governo me disse que o estado
das coisas é “o novo normal” — que devemos aceitar o fato de que, ocasionalmente,
bombas explodirão em nossos aeroportos e metrôs; de que não podemos mais esperar
estar totalmente seguros em um restaurante ou em uma sala de concertos, por causa de
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
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