Ninguém tinha ouvido falar do homem. Nenhum rumor em Zurique. Nem sequer um
sussurro em Genebra. Nada na Basiléia nem em Nova York. O único indício veio de uma
história mal contada de alguém — cuja aparência batia com a descrição de Drexler —
tentando vender duas estátuas forjadas de deusas gregas para a Sothebys alguns anos antes.
"Ou será que o nome era Dresden? Desculpe não poder ajudar mais, David. Vamos almoçar da
próxima vez que você estiver na cidade?"
Sem encontrar nada que o desencorajasse de seguir em frente, Girard começou uma
nova investigação, dessa vez tentando localizar um possível comprador para a nova aquisição.
Como Gabriel havia previsto, bastou uma única ligação para Riad, onde um príncipe de pouca
importância ofereceu 300 mil francos suíços. Não satisfeito, Girard entrou em contato com um
colecionador em Abu Dabi, que se dispôs a pagar 320. Um telefonema para Moscou lhe gerou
um lance de 340 de um negociante russo de petróleo. Foi então que teve início o leilão,
terminando poucas horas depois, quando o saudita propôs 425 mil francos suíços, a serem
pagos na entrega.
Girard ligou para a filial de St. Moritz do Banco Julius Baer para requisitar 100 mil em
dinheiro vivo. Ele coletou o dinheiro às quatro horas, e às 16h15 já estava de volta à galeria,
batendo ansiosamente a caneta de Mikhail na mesa. No quarto do Jägerhof, o barulho parecia
vir de uma britadeira.
— Quanto tempo você acha que ele vai ficar fazendo isso? — gemeu Mikhail.
— Suponho que até eu ligar de volta, às cinco — respondeu Gabriel.
— Por que você não liga logo?
— Porque Herr Drexler é um homem de palavra. E disse que ligaria às cinco.
E assim eles esperaram juntos, Mikhail recostado na cama, Gabriel empoleirado na
janela e Girard batendo a caneta na mesa, aguardando o telefonema de Herr Drexler. Às cinco
em ponto, Gabriel ligou para a galeria usando um celular descartável e fez uma única
pergunta, falando num alemão conciso:
— Sim ou não? — Após ouvir a resposta de Girard, ele disse: — Estarei aí em uma
hora. Certifique-se de que o lugar esteja vazio quando eu chegar.
Gabriel desligou e tirou o cartão SIM do telefone. Por um instante, o quarto ficou em
silêncio. Então, as batidas da caneta voltaram, ainda mais altas que antes.
— Se ele não parar — avisou Mikhail —, vou andar até lá e atirar nele.
— Nós precisamos dele para penetrar na rede de financiamento do Hezbollah —
lembrou Gabriel. — Depois você pode atirar nele.
No decorrer dos sessenta minutos seguintes, Gabriel e Mikhail tiveram dois períodos
de silêncio. O primeiro se deu às 17h10, quando a esposa suíça de Girard apareceu sem aviso
para tomar uma taça de champanhe e celebrar a venda do vaso. O segundo ocorreu às 17h40,
quando um visitante do hotel adjacente, que pelo visto não tinha nada melhor para fazer,
perguntou se podia dar uma olhada nas obras. Ele era alto, muito bronzeado e falava francês.
Pendurada em seu braço como uma jóia, estava uma linda jovem com cabelos escuros curtos e
um rosto que parecia ter sido pintado por El Greco. Eles ficaram na loja por quinze minutos,
embora a garota tenha passado metade do tempo avaliando seu reflexo nas vitrines de Girard.
Ao deixar a galeria, eles tiveram uma discussão breve, mas, após o homem sussurrar no
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
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