— O desenho de Simpson mostra com clareza a presença de pelo menos três aquedutos
grandes conduzindo a outras cisternas e estruturas dentro do complexo. Mas também é
possível que o Waqf tenha escavado novos túneis e passagens usando como pretexto seus
projetos de construção.
— Isso é um sim ou um não, Eli?
— Você está fazendo perguntas que eu não posso responder — disse Lavon. — A
verdade é que nós não temos idéia do que realmente existe no interior do monte porque não
temos permissão para entrar lá.
— Agora nós temos.
— Você sabe o que vai acontecer se o Waqf nos encontrar ali?
— Eu estou mais preocupado com o que vai acontecer se uma bomba explodir numa
caverna subterrânea entre o Domo da Rocha e a Mesquita de Al-Aqsa.
— Bem pensado.
— O que aconteceria, Eli?
— Bom, isso depende do tamanho da bomba. Se fosse do tamanho de um colete
explosivo usado pelos suicidas, a Montanha Sagrada não sofreria impacto algum. Mas se fosse
algo grande...
— Massoud destruiu os quartéis dos fuzileiros navais em Beirute com a maior
explosão não nuclear que o mundo já vira. Ele sabe destruir.
Lavon se levantou e caminhou até as pedras do Muro das Lamentações. Os turistas
tinham sido evacuados e não havia ninguém na minúscula sinagoga conhecida como a Caverna.
Eles estavam sozinhos.
— Eu sempre quis ver o que há do outro lado — comentou ele, olhando para as pedras.
— Mas nunca imaginei que seria por causa de algo assim.
— Você deve ter encontrado mais do que alguns ossos velhos aqui embaixo, professor.
— É claro.
— Você sabe chegar lá, Eli?
— Dentro do Monte do Templo? — Lavon sorriu. — É por aqui.
Eles passaram pela Caverna e desceram um lance de escadas até um antigo arco de
pedra fechado com tijolos cinzentos e argamassa. Ao lado dele, havia uma placa, que
informava: PORTÃO DE WARREN.
— O nome é em homenagem a Charles Warren — explicou Lavon. — Na época do
Segundo Templo, o portão levava da rua onde estamos agora até uma passagem subterrânea,
que conduzia a uma escadaria. E a escadaria...
— Levava ao Templo.
Lavon assentiu.
— Em 1981, o rabino-chefe do Muro das Lamentações foi tolo o suficiente para
mandar os operários reabrirem o portão, mas, assim que eles começaram a cavar, o som dos
martelos percorreu as passagens e cisternas do monte. Os árabes ouviram tudo. Eles
invadiram os túneis na mesma hora e uma pequena batalha teve início. A polícia israelense
teve que intervir para restaurar a ordem. Depois disso, o Portão de Warren foi fechado, e
continua fechado até hoje.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
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