— Porque é secreto.
— Que nem antes?
— Sim, Leah, que nem antes.
Leah franziu a testa. Ela detestava segredos. Eles tinham destruído sua vida.
— Para onde você vai desta vez?
— Paris — respondeu Gabriel, falando a verdade.
A expressão dela ficou sombria.
— Por que Paris?
— Há um homem lá que pode me ajudar.
— Um espião?
— Um ladrão.
— O que ele rouba?
— Pinturas.
Ela demonstrou uma genuína perturbação.
— Por que um homem como você iria querer trabalhar com alguém que rouba pinturas?
— Às vezes é preciso trabalhar com pessoas más para fazer coisas boas.
— Esse homem é mau?
— Não muito.
— Conte-me sobre ele.
Gabriel não via mal algum em fazer isso, assim atendeu ao pedido. Mas, depois de um
tempo, Leah pareceu perder interesse e encarou de novo a janela.
— Veja a neve — falou ela, contemplando o céu noturno sem nuvens. — Não é linda?
— Sim, Leah, é linda.
As mãos dela começaram a tremer. Gabriel fechou os olhos.
Quando Gabriel voltou para a rua Narkiss, encontrou Chiara estirada no sofá à meia-
luz, com um copo de vinho tinto equilibrado em sua barriga. Ela lhe ofereceu e o observou
bebendo, como se buscasse evidências de uma traição. Em seguida, o levou para o quarto e
tirou as próprias roupas, sem dizer nada. Seu corpo estava quente. Eles fizeram amor como se
fosse a última vez.
— Leve-me com você para Paris.
— Não.
Chiara não insistiu. Ela sabia que não adiantaria. Não depois do que acontecera em
Roma. Não depois do que acontecera ainda antes, em Viena.
— Ela se lembrou de você desta vez?
— Sim.
— De qual versão?
— De ambas.
Chiara ficou em silêncio por um instante.
— Ela sabe que você me ama, Gabriel? — perguntou ela.
— Sabe.
Mais uma pausa.
— É mesmo? — indagou ela.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1