pela proximidade das valas comuns. Nalguns casos, a fina camada de solo
que os cobriam tinham aberto e odores tóxicos libertavam-se para o ar. Em
Treblinka, as SS e assassinos ucranianos nem se tinham preocupado em
enterrar todos os corpos . No dia em que o comandante de campo Franz
Stangl chegou para assumir o posto, era possível sentir o cheiro de
Treblinka a trinta quilômetros de distância. Corpos sujavam a estrada de
acesso ao campo, e pilhas de cadáveres putrefatos saudavam-no da
plataforma do caminho-de-ferro. Stangl queixou-se que não podia começar
a trabalhar em Treblinka enquanto não limpassem a confusão. Radek
ordenou que as valas comuns fossem abertas e os corpos queimados.
Na Primavera de 1943, o avanço do Exército Vermelho obrigou
Radek a desviar a sua atenção dos campos de extermínio da Polônia para os
locais de extermínio mais a leste, no território soviético ocupado. Em breve
estava de volta ao seu território na Ucrânia. Radek sabia onde os corpos
estavam enterrados, mesmo literalmente, porque dois anos antes
coordenara as operações dos esquadrões da morte Einsatzgruppen. Perto
do final do Verão, o Soderkommando 1005 deslocou-se da Ucrânia para a
Bielorrússia e, em Setembro, estava ativo nos estados Bálticos da Lituânia e
Letônia, onde populações inteiras de judeus tinham sido exterminadas.
Rivlin fechou a pasta e afastou-a repugnado.
— Nunca saberemos quantos corpos Radek e os seus homens
limparam. O crime é demasiado enorme para dissimular completamente,
mas a Aktion 1005 conseguiu apagar muitas das provas e fazer com que
seja virtualmente impossível, depois da guerra, saber ao certo o número de
mortos. O trabalho de Radek foi tão minucioso que, nalguns casos, as
comissões polonesas e soviéticas que investigam a Shoah não conseguiram
encontrar vestígios das valas comuns. Em Babi Yar, a limpeza de Radek foi
tão perfeita que, depois da guerra, os soviéticos conseguiram transformar a
zona num parque. E agora, infelizmente, a falta de restos mortais deu
inspiração à horda de lunáticos que reivindica que o Holocausto nunca
aconteceu. As ações de Radek assombram-nos até os dias de hoje.
Gabriel pensou nas páginas de testemunho na Galeria dos Nomes,
as únicas lápides para milhões de vítimas.
— Max Klein jurou que viu Ludwig Vogel em Auschwitz no verão ou
no início do outono em 1942 — disse Gabriel. — com base no que me disse,
isso é inteiramente possível.
— De fato, assumindo, claro, que Vogel e Radek são na realidade o
mesmo homem. O Soderkommando 1005 de Radek esteve definitivamente
ativo em Auschwitz em 1942.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
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