Folha de São Paulo - 03.10.2019

(C. Jardin) #1

mercado


aeee
Quinta-Feira,3DeOutubrODe2 019 A21

Only

Governo age paragarantir Previdência


Gestãobolsonaroreconheceque épreciso haver ajustes na articulaçãocomoSenadoparablindarareforma


BRASÍLIANatentativadeblin-
darareforma daPrevidência
eaprová-la deforma definiti-
vaesemnovasderrotasaté
meados destemês,ogoverno
vaitentarcontornar insatisfa-
ções narelaçãocomoSenado.
Com uma semana deatra-
so,oplenário do Senadocon-
cluiu nestaquarta-feira( 2 )a
aprovação da proposta.Ore-
sultadofoi umaversão mais
desidratada,oque incomo-
douaequipeeconômica. O
desafio,agora,éosegundo
turno davotação.
Integrantes dogovernoBol-
sonaroreconhecemque ajus-
tesnaarticulaçãopolíticasão
inevitáveis paraapróxima
etapa, esperadaparaocor-
reraté odia 15 deoutubro.
Ogovernodeveintensificar
omapeamento dependênci-
as edemandas. Senadoresre-
clamam queoPlanaltotem
priorizadoaCâmaranas ne-
gociações.
Articulador informal dogo-
verno no Congresso,osecre-
tário dePrevidênciaeTraba-
lho,Rogério Marinho,foi es-
calado paraatuar como bom-
beiroefazer um levantamen-
to dos pedidos. “Nãoseisevai
haveratrasos.Nãoháposição
definitiva”,disseosecretário.
MasopresidentedoSena-
do,DaviAlcolumbre(DEM-
AP),reconheceu queavota-
çãopode ficar paraasegun-
da quinzena do mês.
Descontentecomadesi-
drataçãodareformano Se-
nado,oministroPaulo Gue-
des (Economia) decidiurever
opactofederativo, conjunto
de medidas que buscam des-
tinar maisrecursos para esta-
dosemunicípiosequeinclu-
emadistribuição derecursos
do megaleilão de petróleo. É
umaforma decompensar as
perdascomavotação dare-
forma daPrevidência.
Nestaquarta,aagenda de
Guedes previa encontroscom
bancadasdesenadoresdoPP,
PSDeMDB.Todas as agendas
foramcanceladas.Auxiliares
do ministroafirmam que o
cancelamentofoi necessá-
rio paraqueaequipepossa
se debruçar sobreosnovos
cálculos do pacto.
Oenfraquecimentodopa-
cote de medidasdeinteresse


dos estados, no entanto, po-
de elevaraindamaisaten-
são entreogovernoeoSena-
do.Uma das queixas de par-
lamentares équeopactonão
temavançado.
Ogoverno está no meio de
uma disputaentreCâmarae
Senado sobreorateio dere-
cursos do megaleilãodepe-
tróleo. Alcolumbrepressiona
oPlanaltoaeditar uma medi-
da provisóriacomoscritérios
já aprovados pelos senadores.
Uma ala da Câmara, por outro
lado,querreveressasregras.
“Paraogovernointervir ago-
ra,mepareceumdesrespei-
to do ExecutivocomoLegis-
lativo”,disseopresidenteda
Câmara,RodrigoMaia(DEM-
RJ), apesarde serfavorável à
versão dos senadores.
Outraqueixa do Senadoéa
liberação de emendas parla-
mentares, usadas paradesti-
narrecursosaobras em su-
as bases eleitorais.Nasne-
gociaçõesparaaprovar are-
formadaPrevidência na Câ-
mara, deputadosforamcon-
templados.
Senadores queremomes-
mo tratamento. Asemendas
são vistascomo umaforma
decompensarodesgastepo-
líticoemaprovar uma medi-
da impopular que mexe com
aposentadorias.
Oministro-chefedaSecre-
taria deGoverno,general Luiz
Eduardo Ramos,éoresponsá-
velpor estapartedoplano pa-
ra contornaracrise. “Ramos
vemestabelecendoodiálogo
lá no Congresso paraidentifi-
carpossibilidades decoope-
ração, particularmentenaqui-
lo queéchamado de medidas
[emendas] impositivas”,disse
oporta-vozdaPresidência,
generalOtávio RêgoBarros.
OPlanalto, segundoopor-
ta-voz,estásatisfeitocom a
aprovação da propostaem
primeiroturno no Senado.Po-
rém,defendequenão ocorra
qualquer alteração quereduza
oimpactofiscal dareforma.
Oplacardotexto-base
( 56 votosa 19 )ficou den-
trodaexpectativadogover-
no,mascomuma margem
de apenas sete votosacima
do mínimo necessário, 49.
Osaldoéapertado paraa
votaçãonosegundoturno,

que já estásob pressão.
Umrecado,que, naavalia-
çãodaequipeeconômica, saiu
caro,foi dado na madrugada
destaquarta.OSenadoreti-
roudoprojetoacriação de
um critério mais rígido para
oabono salarial—espécie de
14 ºsalário pagopelogoverno
atrabalhadores de baixaren-
daecomcarteiraassinada.
Aderrotafoi resultado de
uma aliançaentreaoposi-
çãoesenadores do MDBe
Podemos, partidos insatis-
feitoscomaarticulaçãopo-
líticado Planalto. Essefoi o
únicorevés queogoverno
sofreuno plenário.
Mesmo assim,aestimativa
decortedegastos previden-
ciários em dez anoscaiu para
R$ 800 bilhões.Areforma saiu
da Câmaracomuma projeção
decortedegastos de R$ 933
bilhões em uma década.
Aversão original, enviada
pelogoverno emfevereiro,
previa umaredução de R$ 1 , 2
trilhãonas despesas. Guedes
tinhacomo metaumimpac-
to fiscal de R$ 1 trilhão.
ThiagoResende,Bernardo
Caram,TalitaFernandes,
Danielle BranteRicardo
Della Coletta

‘Eu lamento, tem que


aprovar, nãotinha


como’,diz Bolsonaro


BRASÍLIANodiaseguinte à
aprovação dotexto-base da
reforma previdenciária,opre-
sidenteJairBolsonarolamen-
touanecessidade defazermu-
danças noatualregime.
Emconversacomsimpati-
zantes, na entrada doPalácio
doAlvorada,ele disse não ha-
ver“plano B”eressaltouque
gostaria “de nãoterdemexer
em muitacoisa”.
“Essareformaénecessária.
Se não fizer,quebraoBrasil
em dois anos. Eu lamento,
temque aprovar,nãotinha
como.Éuma maneiradedar-
mosumsinal de que estamos
fazendoodever decasa.Não
templanoBnem paramim
nemparaninguém que esti-
vesse em meu lugar”, disse.
Leia maisnas págs. A22, A24eA 25

ConfiraosprincipaispontosdareformadaPrevidência aprovadaemprimeiroturnopelo Senado

Tempode
contribuição
mínimo

trabalhador
do setorprivado

HomemMulher

65
62

20

15

Idade
mínima
para se
apose ntar

65 anos

60

55

30 anos

25

20

15

Regrasde


aposentadoria


15 anos para
quemjáestáno
mercado

Servidor
público

HomemMulher

65

62

25 25

Pelo menosdez
anos no serviço
público

trabalhador
rural

HomemMulher

60

55

15 15

Ficammantidas
as regrasatuais

Professor

HomemMulher

60

57

25 25

Policial
federal

HomemMulher

55 55

(^3030)
Congressista
HomemMulher
65
62
20
15
Pensãopor morte
Novaregradecálculo:
Pensão nãopode ser
abaixo do saláriomínimo
emqualquercaso
60 %do valor dobenefício



  • 10 %pordependente extra
    Alíquotasdecontribuição
    Setorprivado Alíquota efetiva(sobre
    todoosalário), em %
    7 , 5
    7 , 5 a 8 , 25
    8 , 25 a 9 , 5
    9 , 5 a 11 , 68
    Faixa salarial ,emR$
    até 1 saláriomínimo
    998 , 01 a 2. 000



  1. 000 , 01 a 3. 000

  2. 000 , 01 a 5. 839 , 45
    Funcionalismo Alíquota efetiva(sobre
    todoosalário), em %
    7 , 5
    7 , 5 a 8 , 25
    8 , 25 a 9 , 5
    9 , 5 a 11 , 68
    11 , 68 a 12 , 86
    12 , 86 a 14 , 68
    14 , 68 a 16 , 79
    16 , 79 a 22
    Faixa salarial, em R$
    até 1 saláriomínimo
    998 , 01 a 2. 000

  3. 000 , 01 a 3. 000

  4. 000 , 01 a 5. 839 , 45

  5. 839 , 46 a 10. 000

  6. 000 , 01 a 20. 000

  7. 000 , 01 a 39. 000
    acimade 39. 000
    Quantoserádescontado do salário?
    Quais as novasregras
    paraidadeetempo
    decontribuição?
    Cálculodaaposentadoria
    Consideratodasascontribuições
    Homens
    precisam
    contribuir
    por 40 anos
    para que
    obenefício
    seja integral
    Mulheres
    precisam
    contribuir
    35 anos
    para que
    obenefício
    seja integral
    Otrabalhador
    quecumprir
    apenas
    otempo
    mínimode
    co ntribuição,
    se aposenta
    com 60 %
    do benefício
    aposentadoria
    nãopodeser
    inferior aum
    saláriomínimo
    (r$ 998 )
    nemsuperior
    ao teto
    do inSS
    (r$ 5. 839 , 45 )
    Limitaçãodeacúmulo dobenefício
    Quemaindavai
    ocuparcargoeletivo
    entranas regrasda
    iniciativa privada
    Ovalor finaléresultado dafatiacorrespondenteacadafaixa
    no regime
    da iniciativa
    privada,mais
    de 80 %dos
    pensionistas
    recebem
    menos que
    dois salários
    mínimos
    do maior
    benefício
    recebe: 100 % +Percentual dosdemaisbenefíc iosque depende dovalor:
    atéum
    salário
    mínimo
    entre
    umedois
    s. m.
    entre
    doise
    trêss.m.
    entre três
    equatro
    s. m.
    acima
    dequatro
    s. m.
    80 60 40 20 10
    Regrasdetransição
    Quemjá estánomercadopoderáseaposentar antes
    da idade mínima.Há 5 regras de transiçãopara
    ainiciativaprivada.Paraservidores públicos,há 2.
    Otrabalhadorpoderáoptar pela mais vantajosa

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