cintilantes rodeadas pela imensidão escura do resto da terra e do oceano que
começavam a sobrevoar transmitiu-lhe uma falsa sensação pacificadora.
Quem diria, pensou, que aquilo lá em baixo é um inferno...
Voltou a correr a cobertura da janela, acomodou-se melhor no lugar.
Custava-lhe tanto deixar Nuno para trás, pensou, mas depois olhou para o
filho adormecido e compreendeu que era o melhor a fazer. Aconchegou a
manta que cobria André, por causa do ar condicionado forte. Cobriu o rosto
com as mãos, baixou-as até ficarem pendentes de um pensamento, tapando a
boca, esforçando-se para não se desmanchar num pranto. Sentia-se tão triste,
tão cansada. Deixou cair as mãos no colo, inclinou a cabeça para trás, fechou
os olhos. Teve receio por Nuno, pediu a Deus que o protegesse, para que não
lhe acontecesse nada de mal. Vai correr tudo bem, procurou convencer-se.
Mas, evidentemente, naquela altura Regina não podia imaginar que, uma vez
em Lisboa, haveria de ter um ou dois telefonemas de Nuno e depois nunca
mais voltaria a saber nada dele.