tecto um sopro de fumo que se dispersou debaixo da saída do ar
condicionado.
Regina assentiu com a cabeça.
— Regressa logo a Lisboa?
— O avião sim, com outra tripulação. É abastecer os depósitos, embarcar os
passageiros e partir. Eu fico com a minha tripulação.
— Ah, sim? Fica quantos dias?
— Dois — disse. — Regina, você sabe que a ponte aérea termina daqui a
dois dias, não sabe?
Ela olhou para ele, apreensiva.
— Daqui a dois dias? — repetiu, admirada, como se não tivesse percebido
bem o que ele dissera.
— Daqui a dois dias eu vou pilotar o último avião a sair de Luanda.
— Julgava que a ponte aérea só acabava no dia dez.
— Não, é no dia três — reiterou ele. — Você tem consciência de que,
depois disso, vai ser muito complicado sair de Luanda?
— Tenho — respondeu Regina, a pensar que tinha quarenta e oito horas
para encontrar Nuno.
— A Laurinda disse-me que você vem procurar o seu marido.
— Sim...
— Tem alguma ideia de onde ele possa estar? — Regina encolheu os
ombros, um pouco perdida.
— Nem por isso — disse. Numa prisão qualquer , pensou.
O comandante deu uma passa no seu cigarro, fez uma pausa, a ponderar a
situação. Não a podia ajudar a encontrar o marido, mas...
— Ouça, Regina, eu vou ficar no hotel Trópico — disse. — Você pode
contactar-me lá, ou deixar-me uma mensagem, se precisar de alguma coisa.
— Obrigada — agradeceu —, mas não se preocupe. Eu fico bem.
— Fica? — duvidou ele, erguendo uma sobrancelha circunspecta.
— De certeza?
— Fico. — Regina abanou a cabeça com veemência, como que a querer