A 15 de Março de 1961, a UPA, União dos Povos de Angola, inaugurou a
luta armada pela independência daquela colónia africana com o terrível
massacre de cerca de sete mil civis, brancos e negros. A pressão internacional
exercida pela ONU contra a política colonial portuguesa; a Guerra Fria
protagonizada por Washington e Moscovo; a influência da violenta
independência do vizinho Congo Belga; a recusa categórica do Presidente do
Conselho em fazer concessões que conduzissem à autodeterminação das
colónias africanas; a corrupção e as situações de injustiça e de degradação
vividas pelas populações negras, foram os factores que proporcionaram as
condições favoráveis a uma revolta em larga escala. A reacção de Salazar, que
o país chocado com os massacres não contestou, foi: «Para Angola,
rapidamente e em força!» Teve assim início uma longa guerra de treze anos
que colocou em confronto as Forças Armadas Portuguesas e três movimentos
de libertação: o MPLA, Movimento Popular de Libertação de Angola,
fundado em 1960; a FNLA, Frente Nacional de Libertação de Angola,
fundada em 1962, herdeira da extinta UPA, constituída em 1958; a UNITA,
União Nacional para a Independência Total de Angola, fundada em 1966. As
circunstâncias dos apoios internacionais aos três movimentos impediram
sempre que estes se unissem e levou-os mesmo a confrontarem-se no campo
de batalha.
Em 1974, quando se deu a revolução em Lisboa, o exército tinha já obtido
uma retumbante vitória sobre os movimentos. Contudo, a recusa dos militares
em continuarem a assegurar a soberania portuguesa do território, aliada à
forma negligente como Lisboa conduziu o processo de descolonização e à
intervenção militar de potências internacionais e regionais, levaram Angola a
uma catastrófica guerra civil. Em virtude desta situação, trezentos mil civis
viram-se obrigados a fugir para Portugal numa ponte aérea de urgência,
deixando para trás toda a sua vida. Anos de esforço, de trabalho, empresas,
estabelecimentos comerciais, indústrias, fazendas, foram perdidos porque o
poder político/militar não cumpriu a sua obrigação de proteger os bens destes
portugueses, expulsos de Angola pela política de terror dos movimentos de
libertação, com a anuência tácita da Comissão de Coordenação do Programa
(MFA, Movimento das Forças Armadas) em Angola, determinada em
favorecer uma das partes em confronto, o MPLA.