estrela mundial! Vão falar de ti daqui até à China!
João Pedro riu-se. Cristiane estava divertida com os modos afectados de André, muito composto
num fato de linho branco, lenço florido no bolso do peito, camisa às riscas brancas e azul-claras,
sapatos azuis, de atacadores. O tipo era uma personagem, pensou. Naquela fatiota tropical, bem que
podia ter vindo com eles do Rio de Janeiro. Era baixo, mas a sua presença enchia uma sala.
— Já posso ir buscar o champanhe? — perguntou.
E André, satisfeitíssimo, beijou-lhe a mão com a cerimónia de um gentleman que sabia reconhecer
uma mulher educada.
— Excelente ideia, o champanhe — concordou.
— Então, lá vou eu — disse ela. Recolheu a mão com um gesto exagerado de diva, foi à cozinha.
— Minha senhora...
Cristiane voltou-se.
— Sim?
— Deixe que lhe diga que é lindíssima. Aqui o João Pedro não poderia ter arranjado uma modelo
mais bonita e mais fotogénica para retratar.
— Eu sei — respondeu ela. Saiu da sala, foi tirar a garrafa de champanhe do frigorífico.
André olhou em redor, a sala quase vazia, a cama de bambu, as telas encostadas à parede,
compreendeu que tinha sido ali que João Pedro montara o seu cenário.
— Que grande surpresa, meu rapaz. Não estava à espera de uma destas.
João Pedro cofiou a barba, todo contente.
— Fazemos uma exposição? — perguntou.
— Claro que fazemos uma exposição! Mas, desta vez, tens de colaborar comigo.
Ele atirou os braços ao ar, de mãos abertas.
— O que tu quiseres — disse.
André abanou a cabeça, teve um sorriso de estupefacção.
— Que grande mudança. O que é que te aconteceu?
Ele encolheu os ombros.
— Tive um sonho — disse.