Um Homem Escandaloso

(Carla ScalaEjcveS) #1

esticou a perna esquerda com um deleite todo estampado no rosto, apoiou o pezinho atrevido na
perna de João Pedro.
— Gosto de te ter aqui, sabes? — sussurrou, rouca, tentadora, voluptuosa.
João Pedro acariciou-lhe o peito do pé.
— Gosto de estar aqui contigo — disse.
Ela piscou lentamente os olhos, fez um sorriso lânguido, apoiou a mão que segurava o copo nas
costas da chaise longue , aproximou-se de João Pedro na leveza de um movimento fácil, insinuando-
se com uma doce e prometedora indolência. Levou a mão esquerda ao peito dele, os dedinhos finos
brincaram casualmente com o primeiro botão da camisa.
— Estás a fazer-me calor com tanta roupa — declarou. Tomava conta da situação, conforme lhe
aprazia. João Pedro engoliu em seco, não emitiu palavra, ficou-se por um sorriso tolo, por uma feliz
estupefacção. Cristiane continuou o seu jogo de sedução: soltou um botão, dois, três, lentamente
enfiou a palma da mão, acariciou-lhe o peito, deliciada a excitá-lo. João Pedro afundou-se mais no
seu conforto, atravessado por uma onda de satisfação. Ela estendeu a perna sobre as pernas dele,
encaixou-se toda nele, de lado, deitou a cabeça no peito dele. João Pedro passou o braço por cima
dos ombros de Cristiane, afundou o rosto nos seus cabelos finos, loiros e compridos, e, novamente,
reconheceu o seu sonho mágico na situação que estava a viver.


Acabaram de beber o vinho devagar, enleados num abraço amoroso, trocando carícias suaves,
ligados por um silêncio cúmplice. Os espíritos arrebatados na leve euforia do álcool antecipavam o
que já sabiam que iam fazer. João Pedro, fascinado com este sonho tão real, perdia-se nas boas
sensações que lhe provocava a consciência do corpo dela colado ao seu. Cristiane, excitada pelo
desejo de o surpreender com os seus segredos de mulher experiente, querendo muito cometer
excessos com ele, levou a mão à braguilha de João Pedro, correu o fecho, enfiou-a à descoberta
dentro das calças dele.
João Pedro assistia maravilhado às manobras de Cristiane, que tomava a iniciativa com uma
determinação descomplexada. Ela não lhe perguntou nada, não esperou que ele tomasse a iniciativa,
antes continuou a despi-lo com a legitimidade de já se encontrar nua. Desapertou-lhe o cinto, soltou-
lhe o botão das calças, puxou-as para baixo, deslizou para o chão e envolveu-o com os lábios
carnudos, da mesma forma como lhe fizera há pouco com o dedo, de olhos fixados nos dele.
Sem querer, João Pedro pensou em Clara e como era diferente de Cristiane. Clara gostava de ser
subjugada, de deixar que ele lhe fizesse tudo o que quisesse. Já Cristiane não se submetia a ordens,
nem precisava que ele a conduzisse. No entanto, notou, à sua maneira, Cristiane era mais generosa e
devotada à vontade de agradar. Enquanto Clara esperava que ele lhe desse prazer, Cristiane ansiava
satisfazê-lo, como se tivesse necessidade de que ele a aprovasse.


Esta vontade de Cristiane de agradar surpreendeu João Pedro, que mesmo nas suas fantasias mais
rebuscadas não perspectivara uma Cristiane tão solícita. Ali estava ele, afundado na chaise longue ,
descomposto com as calças pelos tornozelos e com aquela mulher fabulosa ajoelhada à sua frente.
Sentiu-se um macho poderoso sem saber que, a qualquer momento, o jogo poderia virar, porque para
ela não se tratava de paixão ou de amor, mas de um jogo de poder.
A partir do momento em que se convenceu de que a sua beleza não era suficientemente
deslumbrante para o ter a seus pés, Cristiane sentiu-se impelida a usar todos os recursos femininos

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