entalando-lhe a mão, impedindo-a de prosseguir, mas os lábios que lhe
beijavam agora o rosto e os olhos fechados, que lhe chupavam o lóbulo da
orelha, a língua úmida dentro da orelha, fazendo-lhe cócegas agradáveis,
voltando depois à sua boca, tornando a beijá-la freneticamente, excitou-a
muito, retirou-lhe as forças, levou-a a afrouxar as pernas, a relaxar, a abri-las.
A palma da mão tocou-a por cima da roupa, para logo afastar o tecido e
descobri-la pronta para ele. Ele sentiu-a molhada, ela sentiu-se percorrida por
uma vaga de prazer quando os seus dedos a exploraram primeiro levemente,
indo mais fundo a seguir. Depois Filipe ajudou-a a tirar a saia, a camisa, numa
urgência. Soltaram os sapatos com os pés, deixando-os cair com estrondo no
chão de tábua velha. Filipe desapertou as calças, tirou-as, tirou tudo.
Finalmente nus, abraçaram-se, tocaram-se muito, até Patrícia não aguentar
mais de desejo e o puxar para cima de si, deixando-o fazer o que ele sonhava
há tanto tempo. Ela segurou Filipe e o orientou para dentro de si, levando-o a
penetrá-la, e foi como se estivesse se afogando num prazer imenso, o prazer
de tê-lo, de se fundir com ele, de senti-lo como se fizesse parte dela, como se
encaixassem na perfeição, de ser invadida por uma sensação de êxtase e
agarrar-se a ele com todas as suas forças, sem que ele parasse de se
movimentar dentro dela, provocando-lhe ondas de prazer, fazendo-a chegar
novamente ao mesmo arrebatamento físico, mental, enlevando-a outra e outra
vez, até ele atingir também aquele momento final único. Depois, com os
corações felizes abrandando lentamente, abandonaram-se nos braços um do
outro, suados de amor, cansados, satisfeitos, com a consciência de se
completarem.
Patrícia entrou em casa, despiu o casaco, largou a carteira, procurou os filhos,
beijou-os, perguntou-lhes pela lição de casa, mandou-os tomar banho,
ocupou-se do jantar e, por algumas horas, manteve-se ocupada e teve uma
trégua de espírito que, por qualquer razão, não conseguira durante a tarde, no
hospital. Já tarde da noite sentou-se sozinha no sofá da sala e caiu num
silêncio profundo, com um aperto no coração, uma angústia no peito.
Recordou-se do dia do seu casamento na igreja, do copo d’água com centena
e meia de convidados, que decorrera numa casa de campo alugada para essas
ocasiões, recordou-se de estarem certos de que se amavam sem restrições, que
era para a vida. Estava ali sentada com o telefone na mão, perplexa com o
rumo incerto do seu casamento, pensando se devia telefonar para Filipe. Mas
acabou por não o fazer, reconhecendo que não se sentia capaz de ter uma
conversa racional, livre de emoções excessivas e com a coerência que o
momento exigia. Sentia-se demasiado perturbada, não tanto pelo amor