Uma noite em Nova York

(Carla ScalaEjcveS) #1
Isabel  ajudou-o    a   recolher    suas    coisas, entregando-as   a   ele.
– Vai, depressa.
– Depois te ligo – disse, antes de sair.
– Não se preocupe com isso. Vai ver seu filho.

Filipe telefonou para Patrícia assim que saiu da casa de Isabel e entrou no
carro para ir ao hospital, mas ela já estava a caminho de casa com o menino.


A criança voltou para casa no próprio dia. Os exames não revelaram nada
de anormal, além de uma ferida superficial na cabeça, e, contra o
procedimento de rotina naqueles casos, Patrícia decidiu não deixar o filho em
observação no hospital durante vinte e quatro horas, uma vez que ela mesma
poderia vigiá-lo e levá-lo de volta ao hospital se detectasse alguma sequela do
traumatismo.


– Onde é que você esteve a tarde inteira? – perguntou Patrícia, depois de
colocarem o filho na cama.


– Estive no escritório – disse. – O celular estava desligado e não reparei.
– A tarde inteira, Filipe?
– Sim, você queria o quê, não reparei, não precisei ligar pra ninguém, nem
tirei o celular do bolso do casaco. Só vi que estava desligado quando vesti o
casaco para voltar para casa.


– Inacreditável...
– O que é que é inacreditável, Patrícia?
– Ficar com o celular desligado o dia inteiro! E se acontece alguma
emergência? Já pensou nisso?


– Não, não pensei. Não costumamos ter emergências todos os dias, não é? E
eu não costumo deixar o celular desligado.


–   Por que desligou,   então?
– Sei lá! Dá para parar com o interrogatório?!
Patrícia ergueu as mãos, como que contendo uma fúria.
– Muito bem – disse apenas, saiu da sala e retirou-se para o quarto.
Não voltaram a falar no assunto, embora Patrícia ficasse sempre
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