Público • Quinta-feira, 19 de Setembro de 2019 • 45
OLAF KRAAK/EPA
enfatizando a questão dos orçamen-
tos e a qualidade dos respectivos
intérpretes.
Os destinos de V. Guimarães e
Standard de Liège voltam a cruzar-se
exactamente 24 anos depois de os
vitorianos terem superado os belgas
na primeira eliminatória da edição
de 1995-96 da Taça UEFA, com um
triunfo (3-1) em Guimarães e um nulo
em Liège. Em Setembro de 1995,
Vítor Oliveira levou a melhor sobre
Robert Waseige, treinador que uma
época depois haveria de assinar pelo
Sporting. Agora, os vitorianos encon-
tram outra figura incontornável do
futebol belga, com Michel
Preud’homme no comando técnico
do emblema de Liège.
O antigo internacional belga e refe-
rência da baliza do Benfica — que
nesse ano eliminou o Vitória nos
quartos-de-final da Taça de Portugal
(1-0, após prolongamento, com Nuno
Espírito Santo na baliza dos minho-
tos) — não poupa nos elogios à equi-
pa de Ivo Vieira, que considera um
conjunto “completo”, apesar de
colocar os portugueses, juntamente
com o Standard, como outsiders do
Grupo F, dando primazia a Arsenal
e Eintracht Frankfurt.
Por este prisma, o confronto desta
tarde (17h55), no Estádio Maurice
Dufrasne, será fundamental para
Embaixadores do Minho
em clima familiar
definir o posicionamento dos menos
favoritos na corrida aos 16 avos-de-
final, ideia que o presidente do V.
Guimarães complementa, sugerindo
uma discussão em torno do reforço
financeiro da prova. Miguel Pinto
Lisboa voltou a falar no aeroporto,
para sublinhar a motivação da equi-
pa, apesar de integrar um grupo
muito forte, aproveitando os con-
frontos com Arsenal e Eintracht para
destacar a importância desportiva,
desvalorizando a componente finan-
ceira (2,9 milhões de euros de acesso
à fase de grupos e 570 mil euros de
prémio por vitória). Mais centrado
na estratégia de campo, Ivo Vieira
conta com o balanço das três pré-e-
liminatórias, que passou com distin-
ção, como sugerem os números: 15
golos marcados e zero sofridos. Car-
taz suficiente até para convencer o
líder do campeonato belga, que o
técnico dos vitorianos conta manter
em sentido com uma filosofia de ata-
que e de posse capaz de “proporcio-
nar um bom espectáculo”.
Para tanto dispõe de Davidson,
destaque no arranque da época que
regressa após dois jogos de suspen-
são na Liga. De fora, por lesão, ficam
o lateral venezuelano Victor García
e o médio líbio Al Musrati.
ANDREW BOYERS/REUTERS
Treino de adaptação do Sp. Braga ao relvado do Estádio Molineux
não faz parte da elite europeia, nem
de uma segunda linha, ainda que
tenha um registo europeu consisten-
te, com presenças sucessivas nas
fases de grupos da Liga dos Cam-
peões e Liga Europa.
Além do portista Saidy Janko, esta
equipa conta com o ex-BenÆca
Sulejmani e com dois avançados de
respeito: Nsamé, camaronês, poten-
te e forte Æsicamente, e Hoarau, fran-
cês, igualmente forte, mas mais Æxo.
Entre os dois foram os “abonos de
família” do Young Boys na última
Liga suíça — Hoarau, com 24 golos, e
Nsamé, com 15, foram os dois melho-
res marcadores do campeonato.
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Augusto Bernardino
Sp. Braga e V. Guimarães
prosseguem caminhada
europeia, decididos a evitar
cair nas redes de Espírito
Santo e Preud’homme
Os antigos guarda-redes internacio-
nais Nuno Espírito Santo e Michel
Preud’homme, respectivamente res-
ponsáveis técnicos dos ingleses do
Wolverhampton e dos belgas do
Standard de Liège, são os anÆtriões
de Sp. Braga (Grupo K) e V. Guima-
rães (Grupo F) na jornada inaugural
da fase de grupos da Liga Europa,
conferindo um ambiente vagamente
familiar aos compromissos dos rivais
minhotos. E o treinador português
já avisou que não vestirá a pele de
cordeiro para justiÆcar falsos patrio-
tismos, até por não se tratar de um
jogo de selecções.
Umbilicalmente ligado a Guima-
rães, rival dos “arsenalistas”, o téc-
nico dos “ wolves ” recebe (20h), no
Molineux, um Sp. Braga necessitado
de um estímulo extra para relançar
a carreira doméstica, marcada por
um anormal antepenúltimo lugar na
Liga, com 11 pontos perdidos em cin-
co jornadas. Espírito Santo admite,
contudo, poder balançar emocional-
mente no jogo de Braga, mas não o
suÆciente para facilitar no duelo de
portugueses.
Dispensadas as traduções, Sá Pin-
to responde ao compatriota de for-
ma insensível, garantindo que aspira
sempre a “melhorar” e a evoluir.
Capítulo no qual a margem de pro-
gressão é claramente maior a nível
doméstico do que no campo inter-
nacional, onde o Sp. Braga venceu
os quatro compromissos anteriores,
eliminando os dinamarqueses do
Brondby e os russos do Spartak de
Moscovo. Agora, num patamar ainda
mais exigente — embora sem Rui
Fonte (opção) e os centrais Wallace,
Raúl Silva e Tormena (lesionados) —,
Sá Pinto transfere a maior dose de
responsabilidade para o adversário,
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Os objectivos do
FC Porto passam por
ganhar todas as provas
e esta não foge à regra
Sérgio Conceição
FC Porto
Leonel Pontes,
treinador que
sucedeu ao
holandês Keizer,
quer Sporting a
explorar as
“debilidades
defensivas do PSV,
características do
futebol holandês”
mar como referência ofensiva — já
leva nove golos em 11 jogos — e, aos
20 anos, tornou-se internacional
holandês, já em Setembro, e logo
com um golo frente à Alemanha, na
estreia.
Malen, já sob a alçada do agente
Mino Raiola, é mais um descendente
de surinameses, seguindo as pisadas
de outros holandeses com raízes no
antigo território ultramarino holan-
dês: Ruud Gullit, Frank Rijkaard,
Patrick Kluivert, Edgar Davids, Cla-
rence Seedorf, Jimmy Hasselbaink,
Virgil van Dijk, Royston Drenthe, Rei-
ziger, Gigi Wijnaldum ou Aaron Win-
ter. A “descendência” parece estar
assegurada e o maior perigo, para o
Sporting, mais do que identiÆcado.
Young Boys vem de um 11-2
Para o FC Porto, o desaÆo promete
não ser tão espinhoso. O Young Boys
O poder ofensivo assusta? Há
razões para isso. O Young Boys chega
ao Estádio do Dragão depois de uma
vitória não por um, não por dois, não
por três e não por oito, mas sim por
nove golos. O 11-2 aplicado ao
Freienbach, na Taça da Suíça, não
deve ser tido como barómetro para
o jogo no Estádio do Dragão, natu-
ralmente (até porque o calibre do
adversário é francamente diferente),
mas é um sinal de alerta.
Por Æm, uma curiosidade: o Young
Boys motiva sempre algum interesse
pelo nome sui generis. Este velho
clube suíço, já com mais de 120 anos,
começou por ser uma resposta a um
rival. Em Basileia, moravam os Old
Boys [rapazes velhos] e, em Berna,
quatro jovens decidiram juntar os
Young Boys [rapazes novos] para
formar um novo emblema.
Agora, o Old Boys pouco mais é do
que um pequeno clube de Basileia,
sem qualquer expressão futebolísti-
ca, enquanto o Young Boys se assu-
me como o actual campeão suíço.
São as voltas do futebol.