Público - 17.09.2019

(C. Jardin) #1
Público • Terça-feira, 17 de Setembro de 2019 • 21

LOCAL


Um grupo internacional de especia-
listas em história condena “veemen-
te” a aprovação do projecto do Mer-
cado Time Out para a Estação de São
Bento, no Porto, considerando que,
neste caso, o valor económico não
deveria sobrepor-se ao valor históri-
co. Numa carta enviada na passada
semana a várias entidades públicas
— entre elas a Direcção-Geral do Patri-


Grupo internacional de


historiadores contra mercado


da Time Out no Porto


mónio Cultural (DGPC) que aprovou
o projecto apesar das reservas da
UNESCO, que subscreveu as preocu-
pações do Icomos, o seu órgão con-
sultivo para o património — o grupo
internacional de historiadores IHSHG
(International History Students and
Historians Group) lamenta a falta de
transparência em torno do projecto
para a ala sul da estação e exige expli-
cações.
“Como grupo internacional de
profissionais, condenamos veemen-
temente este projecto, até que reúna
as condições solicitadas por diversas
entidades nacionais e internacionais.
Os locais históricos fornecem à popu-
lação um testemunho importante
sobre o seu passado e garantem o
contínuo desenvolvimento da memó-

limita-se a emitir um parecer quando
é solicitado. Se o mesmo for negativo,
a empreitada não pode avançar. Mas
sendo positivo, a câmara mantém a
sua autonomia e pode não dar segui-
mento ao projecto.
Neste caso, aponta-se no docu-
mento do grupo de historiadores, “o
valor económico nunca deveria
sobrepor-se ao valor histórico e cul-
tural”, pelo que, solicitam “uma
explicação do parecer positivo dado
ao projecto por parte da Direcção-
Geral do Património Cultural e a pos-
sível ponderação na utilização apro-
priada da estação e novas valên-
cias”.
Na carta, o grupo que reúne apro-
ximadamente mil membros, lembra
que “o parecer enviado à Direcção da

Cultura pelo Icomos subscreve a
preocupação com os actuais contor-
nos do projecto”, nomeadamente “a
falta de reabilitação da estação como
um todo, a torre de 21 metros que é
desproporcional em relação ao espa-
ço disponível”, a “demolição exces-
siva” ou ainda “a não manutenção
primordial da estação”.
À Lusa, o presidente daquela
comunidade, João Veiga, explica que
as cartas seguiram ainda para a
Direcção-Geral da Cultura do Norte,
para o Conselho Nacional de Cultura,
para o BE e ainda para o Ministério
dos Negócios Estrangeiros na procu-
ra de mais transparência, nomeada-
mente da parte do Governo a quem
solicitaram o parecer da UNESCO
sobre o projecto. PÚBLICO/Lusa

Património


“Condenamos


veementemente este


projecto até que reúna as


condições solicitadas por


diversas entidades”, dizem


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ria histórica”, lê-se na missiva a que
a Lusa teve acesso.
Para o projecto avançar, falta ainda
a luz verde da Câmara do Porto, que
recebeu o parecer positivo da DGPC
no passado dia 5 de Setembro. Na
altura, o gabinete de Comunicação
da câmara disse ao PÚBLICO que o
documento seria analisado pelos ser-
viços jurídicos, mas adiantava que a
câmara só iria contra o parecer “vin-
culativo” da DGPC se houvesse “dis-
cordância” com o PDM. “Com base
nesse parecer Ænal da DGPC e, não
havendo nenhuma discordância do
projecto com o PDM, poderá a câma-
ra proceder ao licenciamento.”
Recorde-se, no entanto, que um
parecer da DGPC não obriga ninguém
a avançar com uma obra. A DGPC
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