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BRASIL | PRIVATIZAÇÃO
A
SECRETARIA DO PROGRAMA DE PAR-
CERIA EM INVESTIMENTOS (PPI),
órgão central no programa de
concessões e privatizações, foi
uma das mais disputadas no início do go-
verno do presidente Jair Bolsonaro. Pri-
meiro, o vice-presidente Hamilton Mou-
rão afirmou que desejava o comando da
pasta. Logo depois, o agora ex-ministro
da Secretaria-Geral da Presidência da Re-
pública Gustavo Bebianno também quis
oPPI. No fim, Bolsonaro preferiu deixar
oórgão abaixo do general Carlos Alberto
Santos Cruz, na Secretaria de Governo. O
ímpeto para comandar a pasta também
se explica pelas cifras bilionárias que ela
movimenta. Criada em maio de 2016 pelo
ex-presidente Michel Temer para destra-
var obras de infraestrutura, a Secretaria
do PPI credenciou 193 projetos para con-
cessões. Desse total, 124 foram assinados
e entregues, somando 253 bilhões de reais
Mantido pelo presidente Jair Bolsonaro
no cargo, o secretário de Parceria em
Investimentos, Adalberto Vasconcelos, tem
de dar fluidez a concessões e privatizações
para justificar a imagem liberal do governo
ANDRÉ JANKAVSKI
em investimentos e 46 bilhões em outor-
gas. O próximo leilão está marcado: no dia
15 de março serão concedidos 12 aeropor-
tos regionais, que devem receber 3,5 bi-
lhões de reais em investimentos. No co-
mando direto da pasta desde o início de
sua criação, o secretário executivo Adal-
berto Vasconcelos falou a EXAME sobre
seus planos agora no novo governo.
O senhor foi mantido no cargo
pelo presidente Jair Bolsonaro.
Qual é sua meta no novo governo?
Um ponto a ressaltar é a consolidação do
PPI como um órgão de Estado. A secreta-
ria agia como uma força-tarefa que tinha
data para terminar, que era 31 de dezem-
bro do ano passado. Nossos resultados
fizeram com que a secretaria fosse reco-
nhecida pelo mercado, pelos investidores,
pela sociedade e pelo Estado como um
órgão que precisava de uma continuidade
para ampliar o nível da infraestrutura do
país. Atualmente, o governo está inves-
tindo 0,6% do PIB em infraestrutura, mas
esse percentual já foi superior a 5%. E es-
truturar esse tipo de projeto leva tempo.
Foi mérito do governo Bolsonaro enxergar
a necessidade de continuidade.
O que mudou em seu trabalho
com o governo Bolsonaro?
Houve um fortalecimento do programa. O
presidente colocou a pasta debaixo do mi-
nistro Carlos Alberto Santos Cruz, que tem
credibilidade no mundo inteiro. A secre-
taria também ganhou mais competências.
Até a administração passada, trabalhava
com processos de concessões e privatiza-
ções. Porém, o presidente incluiu outros
problemas de infraestrutura na pasta, co-
mo o andamento das grandes obras estra-
tégicas. Entra e sai governo, algumas obras
emblemáticas para o país não são entre-
gues à população. É o exemplo de Angra 3,
da transposição do Rio São Francisco, en-
tre outras obras. O PPI ganhou a missão de
encontrar uma solução para elas.
O presidente do BNDES, Joaquim Levy,
afirmou que o banco não dará mais
empréstimos com juros subsidiados.
Isso será um problema para atrair
investidores em infraestrutura?
O país atrai investidores com segurança
jurídica, projetos robustos e contratos de
concessão bem construídos. Não existem