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EXAME VIP
Gabriel Guerra,
dono do LariBar,
e o restaurante
Mistura Contorno:
contemporâneos
tro de um abadá sacolejando pela cida-
de ao som de axé e companhia. Aberto
em fevereiro de 2018, o memorial tem
curadoria do cenógrafo Gringo Cardia,
que caprichou na seleção de itens
v isuais, e presta um tardio tributo à
folia local. Explica, de maneira didáti-
ca e surpreendentemente não laudató-
ria, como Salvador acabou virando si-
nônimo de festa — com as devidas
homenagens, claro, a Dodô e Osmar,
Luiz Caldas, à turma do Timbalada e
demais figuras-chave.
O empreendimento Cloc Marina Re-
sidence, no Largo 2 de Julho, é mais
uma novidade que poupou do abando-
no uma construção histórica. Foi ergui-
do a partir do casarão que abrigou nos
anos 70 a conhecida Boate Cloc. As
arcadas de tijolo que dividem o salão
do Mistura Contorno, principal chama-
riz do complexo, datam do século 19.
Aberto há três anos, o restaurante de
peixes e frutos do mar é uma filial bem
mais sofisticada do Mistura, que a chef
Andréa Ribeiro mantém em Itapuã há
27 anos. Do teto pendem lustres de cris-
Origem, no qual trabalha só com me-
nu-degustação, com 14 etapas. Um shot
de cachaça incrementada com alguma
fruta da época, como caju e jenipapo,
costuma abrir a refeição. Na sequência
pode vir o abarajé, um abará frito de-
pois de empanado, e terminar com um
sorvete de carvão com creme de limão.
“Não sou contra o acarajé ou as roskas,
como chamamos as caipiroskas, mas
chegou a hora de Salvador reinventar
seus sabores”, diz Lemos, que abriu o
segundo restaurante em dezembro.
Trata-se do Ori, no Horto, especializa-
do em snacks requintados.
E ainda há boas novas etílicas, a
exemplo do intimista LarriBar, em Gar-
cia, especializado em drinques e em
atividade desde 2017. Desmembrado do
restaurante vizinho Larriquerrí, resu-
me-se a um balcão de cimento que ser-
penteia por boa parte do acanhado sa-
lão. Quem faz as vezes de mixologista
é o proprietário, Gabriel Guerra, de 31
anos, formado em artes visuais. Ele faz
questão de produzir o próprio gelo, cris-
talino, moldado num recém-adquirido
ice ball maker, vários dos bitters e tanto
o molho inglês quanto o suco de toma-
te que vão no bloody mary. “Até há pou-
co, ninguém dava bola para a coquete-
laria aqui”, diz Guerra. “Hoje, todos
parecem ávidos por novidades.” Q
tal Baccarat e as mesas sustentam toa-
lhas de linho e talheres italianos. Um
janelão de vidro escancara a vista da
Baía de Todos-os-Santos.
O posto de chef baiano do momento
pertence a Fabrício Lemos. Determina-
do a reinventar a culinária local, ele
abriu há três anos o contemporâneo
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