VOX - #13

(VOX) #1

64 REVISTAVOX.COM | DEZEMBRO 2019


olhos o abismo social e cultural
que existia entre nós. Mas a certeza
era de que eu não podia parar e
também porque aprendi que as
maiores decisões da vida envolvem
coragem e ousadia”. Ela conta que
desde o primeiro instante recebeu
o apoio incondicional e generoso
dos seus quatro homens: o esposo
Renato e os três filhos, Matheus,
Gabriel e Guilherme.
Em menos de 30 dias até a data
da viagem, a empresária con-
venceu mais três mulheres para
acompanhá-la: sua irmã e duas
grandes amigas. “Foi um encontro
de almas, amor e compreensão, e
tudo aquilo que vivemos juntas,

cada uma sentindo e se doando,
cada uma dando o seu melhor”.
A recepção não poderia ser
mais calorosa. “A Zâmbia nos
recebeu de braços abertos e sorri-
sos largos. Recebemos uma dose
de amor incrível e amamos ins-
tantaneamente pessoas que nunca
tínhamos visto”, declarou.
Como todo desafio, as dificul-

dades existem. Depois de alguns
momentos, a realidade bateu à por-
ta. Não havia água, apenas alguns
levavam lanche, sendo um tolete de
arroz ou pão puro, e muitos outros
comiam somente uma vez por dia.
“Aquelas roupinhas bonitinhas
que usaram para nos receber,
usaram também nos outros dias,
provando que talvez seriam as
únicas. A maioria das meninas
nem tinha roupas íntimas. Mesmo
assim, eles sempre começavam o
dia agradecendo”.
As mulheres ficaram hospeda-
das na escola do casal por três dias,
enfrentando uma realidade difícil,
longe do conforto. “Bem diferente
dos nossos
padrões, como
não ter chuvei-
ro, nem espelho
e tomar banho
com água reco-
lhida da chuva.
Além de comer
a comida dos
locais, sempre
com descon-
fiança”, lembra.
Depois, o
grupo acabou
se hospedando
em um hotel,
onde estavam
também outros
voluntários e
pessoas que
decidiram
conhecer o
mundo com
uma mochila
nas costas.
“Era um lugar
limpo e hones-
to, com piscina
e barzinho,
além de podermos comprar ou
cozinhar nossa própria comida.
Recarregávamos nossa energia
para a realidade do dia seguinte”.
Eles voltavam para a escola todos
os dias. “É impossível descrever as
piruetas de alegria quando chegá-
vamos, éramos quase sufocadas de
tantos abraços”. No total a viagem
teve duração de 11 dias.

“Aprendi que as maiores decisões da vida
envolvem muita coragem e ousadia.”
Theise Altrão

abril de 2019, na cidade de Livin-
gstone.
“Eu não escolhi este lugar, fui
escolhida. Esta história veio em
resposta a uma oração. Próximo
de fazer aniversário, a gente vai
ficando mais reflexiva. Mas não
me passou pela cabeça nada mate-
rial, e vi que só tinha a agradecer.
Então pedi a Deus uma experi-
ência incrível, que tocasse meu
coração”, conta.
Alguns dias depois ela recebeu
um convite de um casal que co-
nheceu através de um aplicativo,
que se resume em fazer um link
entre pessoas que se interessam em
viver algum tipo de intercâmbio,
trocando suas
habilidades
e auxiliando
comunidades
que necessitam
deste tipo de
trabalho. “O
Ivor e a Sillar
são um casal
que fundou
uma escola em
2014 na sala de
casa para qua-
tro crianças,
hoje atendem
45 nesta mesma
sala e depen-
dem única e
exclusivamente
da ajuda de vo-
luntários”. Em
Zâmbia, segun-
do Theise, se
investe pouco
em educação.
Apenas 10%
da população
é alfabetizada.
“Confesso que
nem sabia direito onde era essa tal
de Zâmbia, mas fui logo aceitando
por achar aquilo uma resposta tão
incrível à minha prece”.
Foi então que a voluntária de-
cidiu arrumar as malas para o que
seria uma das experiências mais
desafiadoras já vividas. “Tive medo
e insegurança, principalmente
quando vi com meus próprios
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