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opinião
Sexta-Feira,23DeagoStoDe2 019 A
erramos
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Desmatamento da Amazônia
Gostaria muitodever barreiras e
sanções internacionaisatingirem
oBrasil. Quem sabe assim esse des-
calabrotodo emrelação ao meio
ambientecessasse (“Discurso do
desmatamentoémecanismoeu-
ropeu paracriar barreiras ao Bra-
sil, diz Onyx”, Mercado, 22 / 8 ).
JaquelineFernandes(São Paulo,SP)
*
Estámuitopróximodesofrermos
sanções diplomáticaseeconômi-
casmundo afora. Muitointeligen-
te afrontaramídia internacional
(“‘Brasil arde’,diz ElPaís; veja are-
percussão dasqueimadas na mídia
internacional”,Ambiente, 22 / 8 ).
AntoniodeOliveiraAngrisani Filho
(SãoPaulo, SP)
*
AsONGsdevemprotestar,pois es-
tá acabandoamamata (“ONGs eu-
ropeias organizam protestospela
Amazônia em frenteaembaixa-
das brasileiras”,Ambiente, 22 / 8 ).
SergioLuis(JaraguádoSul, SC)
*
Sobreoartigo“Brasil, um país su-
icida?”,deIaraPietricovsky (Ten-
dências /Debates, 22 / 8 ), diriaque
existeuma linhavermelha depois
da qual não sóaAmazônia entra
na área de desertomas opróprio
paísatingeumazona decatástrofe.
Ricardo Portugal (BeloHorizonte, MG)
Governo Bolsonaro
Nãosousimpatizantenemvotei
nestegoverno,mas essescargos
são de livrenomeação (“Policiais
federais reagemaBolsonaro epe-
dem mandatoparadiretor-geral
da PF”, Poder, 22 / 8 ). Nomeiaede-
mitequandoacharconveniente.
Clovis da SilvaLeitão
(rio de Janeiro, rJ)
*
Opresidenteinsiste nareiteração
dos seus poderesemvez derespon-
der aocerne do questionamento
feitopela sociedade civil (“Se não
posso trocarosuperintendenteda
PF,troco odiretor-geral, dizBolso-
naro”,Poder, 22 / 8 ). Ela não seper-
guntasobreasatribuições legais
de um presidente, massobreouso
responsável epro bono do poder.
FábioNascimento(Uberlândia, Mg)
*
Bolsonarofoi eleito comdiscurso
pró-Lava Jato esótemfeitoatrapa-
lharodesempenho de Sergio Mo-
ro,humilhando-o emtodas as in-
tervenções.Osfanáticos por Mo-
ro nãoconseguem observarisso?
SilvioEduardoValdez Pinto
(Corumbá,MS)
*
Devidoàinterferência deBolso-
naronaPF, ele já poderia mudar o
lema de seugovernopara: “Minha
prole acima detudo,aparelhamen-
to das instituiçõesacimadetodos”.
PauloBittar(São Paulo,SP)
*
Ogovernoquer modernizaredes-
burocratizaropaís, maspareceque
oSenadoeaCâmaranão (“Senado
derrubaaval paratrabalho aos do-
mingoseferiados”,Mercado, 22 / 8 ).
Serádifícil sairmosdoatraso.
LuisF. Dupin(SãoPaulo,SP)
*
Nãosei de ondeogovernoepar-
te da sociedadebrasileiratiram a
ideia de que empresas privadas são
bastiõesdaidoneidade(“Gover-
no inclui 9 estatais em programa
deprivatização”,Mercado, 22 / 8 ).
Bastalembrarque empresascomo
Odebrecht,OASeJBS,entreoutras,
tiveramexecutivoscondenados e
presos pela Lava Jato.
Luis EstevãoJockPiva(SãoPaulo, SP)
PSDB
Ao serecusaraexpulsar AécioNe-
ves, opsdb (minúsculas intencio-
nais) provou maisumaveznão ser
digno derecebervotos(“Em der-
rota deDoria,tucanosrejeitam pe-
dido deexpulsão de Aécio”,Poder,
22 / 8 ). Emvezdedar exemplo,pre-
feriu se igualar ao pt (idem).
Luciano NogueiraMarmontel
(Pousoalegre,Mg)
*
Fernando Alfredo, presidentedodi-
retório municipal doPSDB emSão
Paulo,dissequeapermanência de
AécioNeves prejudicaaimagem do
partido (“‘O Aéciofodeucomagen-
te’, diz presidentedoPSDB muni-
cipaldeSãoPaulo”, MônicaBerga-
mo”, 22 / 8 ). Os integrantes do par-
tido,por corporativismo,resolve-
rammantê-loederam umrecado
ao marqueteiroJoãoDoria: ele não
estácom essa bolatoda.
Zureia Baruch Jr.(São Paulo, SP)
Sequestro no Rio
Sobreadesnecessáriaceleuma cri-
ada emtorno dacomemoraçãodo
governador do Rio nocaso do se-
questronaponte Rio-Niterói,éne-
cessária umareflexão sobreover-
niz do “coitadismo”. Muitosjul-
gamaletalidade policial, em mui-
tassituações imprescindível,co-
mo algohediondoedesnecessá-
rioeparecemrelativizaroindis-
cutíveleimenso potencial destru-
tivodecriminosos.Épatenteque
situaçõesextremasexigem medi-
das igualmenteextremas,eaati-
tude dos policiaisfoitãoexemplar
quantoprecisa.
Flávio GuimarãesDeLuca(Limeira, SP)
*
Seorapazque, em surtopsicóti-
co,planejou incendiaroônibus na
Rio-Niteróiestivesse sendo tratado
em ambientehospitalar, maisessa
tragédia nãoteria ocorrido. Os que
preconizam tratamentodomiciliar
(desospitalização etc.) nessesca-
sos precisamrever seusconceitos.
RomeuMerhej,
médico(São Carlos, SP)
Violência
Nãoexisteoverbo matarnas bem-
aventurançasevangélicas do Cris-
to,mas as autoridades, dizendo-
sereligiosas, emregra, premiam
amorte,enãoaprisão dos crimi-
nosos (“Mortesporagentes do Es-
tado no RJatingem maior patamar
em 20 anos”,Cotidiano, 22 / 8 ). Onde
estão os indivíduosque sedizem
cristãos?Tem-seoatirador de eli-
te,naverdade, “o matador de eli-
te”. Onde estão os defensoresda
in teligência policial?
BismaelB.Moraes(guarulhos,SP)
*
Areportagem“A dolescenteinva-
de escola noRSeataca estudantes
commachado”(Cotidiano, 22 / 8 )
impõe,maisdoque nunca,aredu-
çãodamaioridade penal.Nãopara
16 anos,comosepretende, mas pa-
ra 14 ,como vigenoPrimeiroMun-
do.Recentemente,numseminário
sobredireitopenalaquecompare-
ci emRoma,causou espantoare-
velação de que, no Brasil, os me-
nores de 18 anos sãoinimputáveis.
Arsonval MazzuccoMuniz,
advogado (São Paulo, SP)
Templosatânico
DeuseoDiabosãofacesdames-
ma moeda, já nos ensinava José
Saramagoemseu maravilhoso “O
Evangelho segundoJesus Cristo”. A
constataçãodeMariliz PereiraJor-
ge (“Satanás,pazeamor”, Opinião,
22 / 8 )dequeomal eobem nãoes-
tãoatreladosacrenças ou descren-
çasapenasfazsorriroateuconvic-
to epraticanteaqui.
AdilsonRobertoGonçalves
(Campinas, SP)
PrimeiraPáginaemundo(20.AGO,
PÁG.A11)Diferentementedopubli-
cado na manchete“Entreasdemo-
cracias,Brasil lidera concentração
derenda”enareportagem “Entre
as democracias, Brasil lideracon-
centração derenda”, ovalor médio
dosrendimentos brutostotais do
1 %mais riconoBrasil édeR$ 106 , 3
mil,enão R$ 140 mil, segundo da-
dos de 2015 atualizados noWorld
InequalityDatabase.
iLuSTrada(21.AGO.,PÁG.C2)Nota
“Sinuoso”errouagrafia do nome
do críticoJean-ClaudeBernardet.
PaINeLDoLeITor
folha.com/paineldoleitor [email protected]
Cartasparaal. BarãodeLimeira, 425, São Paulo,CeP 01202-900.aFolha sereserva o
direitodepublicar trechos das mensagens. informe seu nomecompletoeendereço
Acrise dosrefugiadosvenezuelanos
anda sumida da mídia, umreflexo da
diminuição dastensões na fronteira.
Masasociedade brasileira easauto-
ridadesfederais não devemsedei-
xar enganar: longedas manchetes,
aonda migratória persiste.
Em média, 500 venezuelanos en-
tram diariamentenopaís.Elesjásão
254. 769 ,segundo os dados maisre-
centes da OperaçãoAcolhida, con-
duzida pelasForças Armadas epor
agências dasNações Unidas.
Ainda estamos aprendendoali-
darcom umacrise humanitária sem
precedentes em nossa história.Os
refugiados precisam de apoio per-
manente. Cerca de 6. 500 vivem nos
11 abrigosdeBoaVistaenos 2 dePa-
caraima, emRoraima. Integrá-los
nãoétarefatrivial,considerando-
se queosserviçospúblicos sãoin-
suficienteseodesempregoalcan-
çamais de 12 %dapopulaçãoeco-
nomicamenteativa.Maséneces-
sárioterespíritosolidário. No cen-
trodacrise,BoaVistaestánolimite
de suacontribuição.Acapitalého-
je odestinodefinitivode 40 %des-
sesvenezuelanos.Nosúltimos três
anos,acidade de 375 mil habitan-
tesganhou,subitamente, outros 50
mil moradores.
BoaVistatemomenor orçamen-
to entreascapitais do país.Aeco-
nomia local quasenãogeraempre-
gos, aajudafederalépequenaeos
recursos emergenciais paraacrise
dosrefugiados são dirigidosexclu-
sivamenteàpopulaçãodos abrigos.
Quem adoece numabrigoéenca-
minhadoauma UnidadeBásicade
Saúde,eali étratadocomrecursos
da prefeitura.Fizemos 132. 992 aten-
dimentosavenezuelanos no primei-
rosemestre, 24 %dos serviços das
UBSs. Essa demanda desequilibrou
arededesaúde do município,aba-
ladatambém pela perda de profis-
sionais do programa Mais Médicos.
Apressãoégrande sobre todosos
serviços.OUnicefcalcula que 9. 600
criançasrefugiadas estejam em si-
tuação vulnerável —egrande parte
recorreaosistema de assistênciade
BoaVista.Nasescolas municipais,
mais de 10 %dos 41. 819 alunos são
venezuelanos.
Deacordocomalegislação,osre-
fugiados sãorecebidoscomo cida-
dãos brasileiros,comosmesmosdi-
reitoseresponsabilidades.Boa Vis-
ta temrespondidocomespíritocos-
mopolita.Nosso desafio será levado
adebate na Itália, ainda nestemês,
nofórum da Moving Minds Alliance,
quereúne as fundações Open Soci-
ety, BernardVan Leer,Lego, MacAr-
thur, Jacobs, Vitol, ComicRelief,EL-
MA PhilanthropiesePorticus.Es-
sa aliançabuscadesenvolver solu-
ções paraaproteçãoeoapoio a 22
milhõesdecrianças e 5 milhões de
gestantes no mundo,com priorida-
de para crisescomoadaSíria.
Esperamos queomesmointeres-
se sobreasituação dramáticadeBoa
Vistaseja despertado noBrasil.
Mesmo umagestão sériaecom-
prometida,comservidores engaja-
dos,precisa de apoio anteuma crise
humanitária.Nãopedimosrecursos
adicionais.Já seriam de grandeva-
liaoenvio de médicos, um proces-
so maisrápido de interiorização de
refugiados em outros estadoseum
atendimentomaiseficiente,pelas
autoridadesfederais, das deman-
dasregulares deBoaVista.
OBrasil não podefechar os olhos e
fingir que essa crise nãoexistemais
só porqueoassuntojádeixou deren-
der manchetes.
OministrodaEconomia,Paulo Gue-
des, estápropondo umaperigosa
mudançanaConstituiçãoFederal
aoeliminar os dispositivosque ho-
je garantemedirecionamrecursos
orçamentários parasetores estra-
tégicos,comoaeducação. Para ele,
épreciso acabarcomoquechama
pejorativamentede“chiqueirinhos”.
O“chiqueirinho daeducação”é
instituído pelo artigo 212 daCons-
tituição,quedeterminaqueaUni-
ão apliqueno ensinopúblicope-
lomenos 18 %desuareceitadeim-
postos; já osestadosemunicípios,
no mínimo 25 %.Naeducação bási-
ca, 40 milhões de crianças, jovens e
adultos,seus 2 milhões de professo-
resesuas 142 milescolas dependem
desse dinheiro, que,como sabemos,
éinsuficiente.Nosso investimento
emeducação ( 6 %doPIB) estámui-
to abaixodoqueépreconizado pe-
la Lei do PlanoNacional de Educa-
ção( 10 %doPIB),comprometendo
qualidadeeequidade.
Ogastoanual percapita naforma-
çãoescolar de um jovembrasileiro
(US$ 3. 837 )émenos da metadeda
médiados países membros da OC-
DE (Organização para aCooperação
eDesenvolvimento Econômico),de
US$ 10. 106 .NoBrasil ainda há 1 , 5 mi-
lhão de criançasejovensfora da es-
cola, earemuneração dosprofesso-
resé 30 %maisbaixadoqueadeou-
tros profissionaiscomamesmafor-
mação.Além disso, as iniquidades
são gritantes. Apenas 14 %dos alu-
nos emcondição de pobreza apren-
demaler ao finaldo ciclo de alfabe-
tização, aos 8 anos de idade. Entre
os jovens, só 9 %dos queconcluem
oensino médiotêmconhecimentos
adequados em matemática—essata-
xa caipara 3 %entreosmais pobres.
Investir mais, melhorecomre-
gularidadeéachave para oenfren-
tamentodesses problemas. Graças
ao fluxoregular de financiamento
garantido por lei,temosconsegui-
doavanços importantes.Nossas
universidades públicas cresceram,
sãomuitomelhoresdo queaspar-
ticulares equasetudooque produ-
zimos em ciênciaetecnologiade-
pendedelas.Praticamenteuniver-
salizamosoensino fundamental e
já ultrapassamosasmetas de qua-
lidade para osanos iniciais. Exem-
plos deêxitonãofaltam: as matrí-
culas em creches dobraram nos úl-
timos anos;oestado do Cearáére-
ferência em alfabetização na idade
certa;ePernambucosetornou um
paradigma no ensino médio.
Tudo isso sótemsidopossível por-
que osgestores sabem que podem
contarcomo“dinheirocarimbado”
daeducação.Eque, aoconstruires-
colaseampliarvagas, poderãocon-
tratar professoresematricular alu-
nos, assumindocomelesrespon-
sabilidades duradouras e,atécerto
ponto, protegidas de oscilações e
descontinuidades administrativas.
ApropostadeGuedes —ao darto-
talliberdade aos agentes políticosfe-
derais, estaduaisemunicipais deci-
direm,acadaano,sobreomontan-
te do orçamento aser destinado pa-
ra oensino público—cria uma ins-
tabilidadedeconsequênciascatas-
tróficasepodereduzir ainda mais
os recursosdisponíveis paraosetor.
Em um país onde algunsveem a
educação,professoresepesquisa-
dorescomo ameaças, não seria in-
comumela ser preterida no jogo
de interesses menores. Diantedes-
se quadro,todo cuidadoépouco.
Lembrandoque nossatradiçãode
garantir pela lei osrecursos básicos
para aeducaçãoremontadoséculo
18 esófoi interrompida, sintomati-
camente,nos períodos ditatoriais
deVargasedos militares.
Garantiasconstitucionais não são
“chiqueirinhos”.Eautoridadesgover-
namentais devemtratarcom mais
respeitoasconquistas sociais esta-
belecidas na CartaMagna.Éneces-
sárioreagir.GovernadoresdoNor-
destebrasileirojásemanifestaram
repudiandoainiciativa—ecomra-
zão.Nessaregião há muitosmunicí-
pios onde vivem asfamílias mais po-
breseque seriamduramenteafeta-
dascomofim do suportefinancei-
romínimo obrigatório paraservi-
çospúblicos essenciais.
Épreciso entender queeducação
épolíticadeEstado,delongoprazo,
enão apenasdegoverno.Édireito,
não uma mercadoria,esuasverbas
nãopodem serconvertidas em mo-
edaflutuanteemdisputas políticas
de ocasião.Lutar por maisrecursos
edefender as vinculaçõesconstitu-
cionais, mantendoeaperfeiçoando
os mecanismos de distribuição, co-
mooFundeb (fundo paraaeduca-
çãobásica),étarefaprioritária para
todos que se preocupamcomafor-
mação de nossas criançasejovens
ecomodestinodo Brasil.
O‘chiqueirinho’
de Paulo Guedes
Caracas
éaqui
TeNDêNcIas/DebaTes
folha.com/tendencias debates@grupofolha.com.br
os arti gospublicadoscomassinaturanão traduzemaopinião do jornal. Sua publicação obedeceaopropósitodeestimular
odebatedos problemas brasileirosemundiaisederefletiras diversastendências do pensamentocontemporâneo
- Cesar Callegari
Sociólogo, ex-secretário deeducaçãoBásica do MeC( 2012 - 13 ,governo Dilma),ex-secretário municipal
da educação de São Paulo ( 2013 - 15 ,gestão Haddad)eautor de ‘oFundeb’(ed. aquariana)
Teresa Surita
PrefeitadeBoa Vista(MDB)eex-deputadafederal porroraima ( 1991 - 1992 e 2011 - 2012 )
DanielBueno
Solidariedade aosrefugiados deve ser permanente
Verbas educacionais não podem cair no jogopolítico