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ilustrada
C6 Sexta-Feira, 23 DeagoStoDe 2019
Álbum póstumo de Cássia Elleratesta a
relaçãovisceral da artista comamúsica
música
TodoVeneno Vivo
*****
artista: Cássia eller.gravadora:
Universal Music. Nas plataformas
digitaiseemCDduplo (r$39,90)
Discospóstumosformam um
filão lucrativonopop.Artis-
tasque morrem deixando
uma legião defãstêm seus ar-
quivosvasculhadosembus-
ca de material inédito. Com
Cássia Eller nãoédiferente.
Obaú de Cássia—cultuada
mesmo depois de sua mor-
te,em 2001 —éabertomais
umavez para“TodoVeneno
Vivo”,CDduplocomregistro
de shows queela fezemtrês
noites de dezembrode 1997.
Em 1998 ,umálbumcom
performancesdesses shows
foilançado,“Veneno Vivo”.
Eraseu segundo discoao vi-
voem doisanos, mas havia
razão paraolançamento. Os
shows que elafeznoTeatroRi-
val, no Rio deJaneiro, mostra-
vamsua conexãocomorock.
“TodoVeneno Vivo”reúne
todas as músicas dosshows.
Amaior partedorepertório
veio de Cazuza, mas inclui Ri-
ta Lee, LobãoeRenatoRusso.
Ali ficavaevidentecomo o
vozeirão de Cássia parecia
perfeitoparaumrockcom
pegada de blues. Seucan-
tarsedivide entregritaria,
harmoniosa, vigoreumtom
gravedelamento—veículo
adequadoparaasletras de
amorderramado de Cazuza.
Há momentos incríveissó
revelados agora,como “Bete
Balanço”e“ProDia Nascer
Feliz”. Asegundaganhaver-
são bem diferentedaoriginal,
comtrechos de dois sucessos
dosRolling Stones,“(I Can’t
GetNo) Satisfaction”e“Let’s
Spend the NightTogether”.
Essa brincadeirahabitual
de Cássia serepeteem“Bra-
sil”,que recebeversos de “Coi-
sasNossas”,deNoelRosa. Um
dos hinos defossa etílicade
Cazuza, “Por QueaGenteÉ
Assim?”,trazcitações de “La-
ma”, samba-canção de 1952.
Oshow,dirigido porWa-
ly Salomão,mostraaCássia
roqueira, masconectada a
outrasgerações da MPB, no
que estatem decontestadora.
“TodoVeneno Vivo” pode
ser escutadocomo mais um
documentodaforçavocal
de Cássia. Mas, ao abraçar
umrepertóriocapaz dereu-
nir“VidaBandida”(Lobão)e
“Farrapo Humano” (LuizMe-
lodia),atestasuarelação vis-
ceralcomamúsica.TM
AcantoraCássia Eller emretrat odadécada de 1990 Divulgação
- ThalesdeMenezes
SãoPauloOnovodiscodoBa-
rãoVermelho, “VIVA”,parece
usar as letras maiúsculasdo
nome paradestacarumver-
dadeirorenascimentodaban-
da.Oúltimo discodeinédi-
tasdogrupo saiuhá 15 anos.
“Foi quasecomo quebrar uma
maldição”,diz obaterista Gu-
to Goffi, um dos fundadores
do quarteto, que daquiadois
anos fará 40 anosde estrada.
Olançamentotambéméo
primeiroregistrodaformação
atual, quetemoutrofundador,
otecladista MaurícioBarros.
Completamaescalaçãoogui-
tarristaFernando Magalhães
e, novocal, RodrigoSuricato.
Estecumpreanimadoamis-
são de ocuparolugar quefoi
de Cazuza, no iníciodos anos
1980 ,edeFrejat,até 2004.
Há dois anos,oquartetoro-
da aturnê“Barãopra Sempre”.
Segundo eles,omomento éde
“uma bandafeliz no palco, com
umrepertórioconsagrado”.
Suricatopareceduplamen-
te feliz. Multi-instrumentista,
ele estálançando seutercei-
ro álbum,“NaMão as Flores”.
Nestesábado ( 24 ),oBarão
apresenta emSãoPauloono-
vorepertório,naCasaNatu-
ra.Nodia 29 ,Suricatomostra
seu showsolo,noTheatroNet.
Os dois discoscontam só
comcomposiçõesrecentes.
“Letrasemúsicasresolvidas
nessapanela,comosquatroin-
tegrantes”,diz Goffi. “Paradei-
xar claroque nãoéumavolta
oportunista. Queremos seguir.”
Nareorganização da banda,
foiessencialoretornointegral
de MaurícioBarros. “Funda-
mos isso.Uméopai doBarão.
Ooutro éamãe”,brincaGoffi.
FoiBarrosoresponsávelpelo
conviteaonovovocalista. “Não
conhecia pessoalmenteoSuri-
cato,mas oconsideravaamai-
or revelação dorock brasilei-
ro dos últimostempos. Ouvia
epensava:‘Essecara temum
borogodóamais’”, contaGoffi.
Oálbum“VIVA”temoDNA
inegável dasraízes do grupo.
“Tudo porNós 2 ”érock acele-
radoeempolgante, enquanto
“EuNuncaEstou Só”éverda-
deiroblues estradeiro. Esses
dois pilares que sustentam o
som doBarãosecruzam em“A
Solidãote EngoleVivo”,talvez
Quase quarentão,
BarãoVermelho
rompeosilêncio
com disco inédito
Banda que játeve CazuzaeFrejat como
estrelas anunciaseu renascimentocom
Suricatonovocalefaixas empolgantes
amais poderosa dorepertório.
Em sua jornada dupla, Suri-
cato levouaopédaletraapro-
postadecarreirasolo.Nono-
voálbum,elefeztudo:escre-
veu, tocou, cantou,produziu.
Diz que nãofoiintencional.
Pretendia gravar essetercei-
ro álbum aindaacompanha-
do de outrosmúsicos, masfi-
coutão mergulhado no estú-
dio que nãoconseguiuevitar.
“Escrevi 30 músicas,dessas
saíram as dez do álbum.Tinha
inveja da maneiracomo euto-
cavanos discos dos outros.Gra-
veicom FitoPaz, Moska, Ana
Carolina.Quiscontrataresse
Rodrigoinstrumentistapara
trabalhar paramim”, brinca.
“NaMão as Flores” temrock,
mas surge maisforteumlado
folk,baladeiro, comletrasce-
lebrandocoisas boas.“A cho
que devoserposto naprate-
leiradas ‘good vibes’.Tenho
um direcionamento positivo.
OBarãotemuma potência so-
nora ligada aorock,ealingua-
gemnomeu trabalho me dá
liberdade de ser mais pop.O
Barãoflertacomopop.”
Naturnê solo,Suricatoen-
trasozinho no palco. Ele se
diz apaixonado pelaestética
dos músicos de rua —aqueles
quetocamváriosinstrumen-
tosaomesmotempo.“Violão
nas mãos,gaitanaboca, pedal
de bumbo no pé, issotem uma
linguagem meio circense, né?”
Nosúltimos quatroanos,
ele pesquisouparapassar des-
sa estética rudimentarauma
performance apurada. “Subo
no palcosozinho,tocoquase
tudo na hora, só me permito
algumas programações digi-
tais”,diz oartista“fominha”.
BarãoVermelho
Casa NaturaMusical-r. artur
de azevedo,2.134. Sáb.(24),
às 22h.De r$ 80ar$200
Suricato
theatroNet São Paulo,noshopping
Vilaolímpia-r.olimpíadas, 360 .Qui.
(29), às 21h. De r$ 80ar$1 00