Época - Edição 1080 (2019-03-18)

(Antfer) #1
Nascidona Colômbiae
naturalizado brasileiro em
1997, oministro Ricardo
Vélez Rodríguez é
considerado por aliados
como um homem de fácil
trato,simpático ecortês

P


assadosmaisde 60 diasdo começodo
mandato,oministroda Educação,Ri-
cardoVélez Rodríguez,reuniu-secomseus
assessoresmaispróximosparacomunicar
umafaxina umtanto precocenosquadros
do MEC.Era quinta-feira,28 de fevereiro,e
aimagemde Vélez já estava bastante desgas-
tadapor umasucessãode trapalhadasque
acumulouem tão curtoperíodode governo.
Umadelasfoi chamar,ementrevistaàrevis-
taVeja,osbrasileirosemviagemde cani-
bais,que“roubamcoisasdoshotéiseoas-
sento salva-vidasdo avião”.Amais recente,
umadesastrosacartaemque recomendou
às escolasquefilmassemseusalunoscantan-
do oHinoNacional.Vélez pediudesculpas
peloprimeiroepisódioevoltouatrás no se-
gundo,mas nãofoi obastante pararecupe-
rar acredibilidadeàfrente de um dosmais
cobiçadosministériosda Esplanadaelimpar
suaimagemdiante do chefe,opresidente
Jair Bolsonaro(PSL).Enquanto se lamenta-
va erecuava de decisões,sua pastaficoues-
tagnada.Oencontro às pressasno pré-Car-
naval era suaúltimacartadano sentidode
vestir,enfim,acarapuçade ministro.Assim
resumiuum dos presentes oespíritodo pós-
reunião: “O ministérioagoraéoministro,
antes nãoera.Ele estava atrapalhado”.
Desdeseu discursode posse,em 2deja-
neiro,quandocriticouoglobalismo,omar-
xismocultural,opensamento gramscianoe
aideologiade gênero,Vélez dedicaboapar-
te de seu tempo aconciliarinteressesde pe-
lo menosquatro alasbemdefinidasqueto-
maramoMEC.Há os militares,vindosdo

InstitutoTecnológicode Aeronáutica(ITA);
os professoresoriundosdo Centro Paula
Souza,autarquiapaulistaquecuidadases-
colastécnicas;os ex-alunosdo ministro,que
ocupamtrêsdas seissecretariasdo MEC;e
os discípulosdo filósofoOlavo de Carvalho,
ogurudoclã Bolsonaro,notável pelolin-
guajar chulo epelasideiasdescabidas.Desde
oinício,osmilitaresse uniramaos técnicos
eex-alunosdo ministroem oposiçãoàcha-
madaala ideológica,compostaessencial-
mente dos“olavetes”.No começo,era um
embate respeitoso—eles se tratavamcomo
os gruposdos“fazedoresde linguiça”edos
que“pensam”.Àmedidaqueojogopolíti-
co do mundorealse impunha,adisputafi-
coutão escancaradaqueoprimeiro grupo
passou achamar osegundode bandode
“malucos”,“bruxos” e“mestresespirituais”.
No prédiodo MEC,apendengase tornou
tambémgeográfica —osétimoandar, dos
técnicos,contra ooitavo,dos filósofos.
Na quinta-feirapré-Carnaval, Vélez deci-
diraremanejar paraáreasmenosestratégi-
cas dezintegrantes da ala ideológica,uma
tentativade fazerum “choquede gestãono
ministério”,nas palavrasde um aliado.Com
os atos de exoneraçãoedeslocamentos já
prontos, levouaideiaatéBolsonarodurante
oCarnaval.Opresidente, surpreendido,fi-
couinsatisfeito comaformacomoVélez
conduziuadecisão,mas autorizouos atos.
Na quinta-feira7, ocientista político Silvio
Grimaldo,umdos assessoresespeciais que se-
riamremanejados,encontrava-senos Estados
Unidosquandofoi informadopelotelefone

DESEDUCAÇÃO


porAlineRibeiroeAnaClaraCosta

UMINVENTÁRIODOMOTIM
DEOLAVETESCONTRAOOLAVISTA
VÉLEZRODRÍGUEZNOMEC

CRÔNICASDEBOGOTÁ 29

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