Época - Edição 1080 (2019-03-18)

(Antfer) #1

turopresidente, paradia 22 de novembro,
umaquinta-feira.Masseu nomevazoupara
aimprensaum dia antes —edesencadeou
umafortepressãoda bancadaevangélicana
tentativa de barrarsua indicação,por consi-
derá-loum “esquerdista”.ComoRamostem
boa reputaçãoentre os educadoreseseu no-
me estava ganhandoforça,Bolsonaropreci-
sava de um substitutoàs pressas.Correndo
contra orelógio,recorreuaumdos últimos
cogitadosda lista,indicadopeloguruOlavo
de Carvalho.Tratava-sedo então desconhe-
cidoVélez, escolhido,essencialmente, pela
aptidão paracombater asupostapredomi-
nânciado marxismonas escolas.“Cadami-
nuto daquelaquinta-feiraera essencial.O
presidente foi buscaroVélezparaapagaro
incêndio. Elesabia quenãoouviriaum
não”,disseMozart Ramos.
Roquettiera intrusona equipede transi-
ção,mas tinhacredenciaisde ouro.Ele pró-
prioera ex-alunode Olavo de Carvalhoe
graçasaessa proximidadepassouafrequen-
tar EduardoBolsonaro.Valendo-sedos bons
contatos, etambémdo fato de ter conhecido
Vélez em um evento que organizouna Uni-
versidadeda Força Aérea, aproximou-sedo
futuroministrode formapoucoconvencio-
nal. Dizendodisporde um avançadoapara-
to de segurançada Aeronáutica,suplantou o
coronel-bombeiroPaulo Roberto,responsá-
vel por fazeros deslocamentos de Vélez em
Brasília.Sob ainfluênciade Roquetti,Vélez
raramente se dirigiaao CCBB.Acompanha-
dos de Luiz AntonioTozi, egressodo Centro
Paula Souza,ambos hospedaram-senum
apartamento de doisquartosno hotel da
Aeronáutica,ondedespachavamdiariamen-
te. “Eratipoumarepública de estudantes,
trêshomens dividindoum banheirosó”,
lembrouum deles.Numexemplo do poder
exercidopor RoquettisobreVélez, nas pou-
cas vezesem quese deslocava ao CCBB,
quandoera convidadoparaalmoçar,omi-


nistrochegava aconsultarRoquettise pode-
ria se ausentar.Em28de dezembro,três dias
antes da posse,Vélez pediuqueocientista
políticoAntônioFlávio Testa, que pilotava o
programade educação na transição, fosse
encontrá-lono sétimoandardo MEC.Ali,
acusouoacadêmicode conspirarcontra sua
equipeeodispensou.Cotadocomofuturo
secretárioexecutivoda pasta,Testa perdeuo
lugarparaTozi, indicadopor Roquetti.O
coronel-aviadorcriouparasi ocargode di-
retorde programa—postoque olivrava da
burocraciada SecretariaExecutivaao mesmo
tempo que lhe permitiater controlede tudo
que ocorriano MEC.Testa negater se indis-
postocomqualqueraliadodo ministro.

A


otornar-se ohomemfortedo MEC,em
reuniõescomorganizações ligadasà
educaçãoecríticasàs visõesdo ministro—
tidas,portanto,comopotenciais inimigas
—, RicardoRoquetticostumava sentar-se à
cabeceiradamesa. Mais observavadoque
falava. “Eleficouotempo todome analisan-
do na reunião,para ver minhasreações,se
eu tenho algumviés.Elescertamentefize-
ramum levantamentodos manifestos que
assinei.Éumgrupomuito receosode rece-
ber pessoasque foramcontra Bolsonaronas
eleições”,disseumdos participantes. Seis
entidadesrelataramsituaçõessemelhantes a
ÉPOCA.Numdessesencontros,Roquettise
apresentou comomentor intelectualdo mi-
nistrono pensamento liberaleconservador.
Roquettitransitava tão bemno governoque
tinhacontato diretocomoministro Paulo
Guedes,da Economia. Foiele,inclusive,
quemtelefonouparaintermediaraapresen-
taçãode Vélez aGuedes.
Em comum entre VélezeRoquetti, as idei-
as de Olavo de Carvalho.Foi alunodeseu Se-
mináriode Filosofia,que passoude hobbya
objetivoacadêmico.Em2017,Roquettielabo-
rou um projetoparapleiteardoutoradona

CRÔNICASDEBOGOTÁ

NOCENTRODABRIGAINTERNANO
MINISTÉRIODAEDUCAÇÃOESTAVAO
CORONEL-AVIADORRICARDOROQUETTI,
LÍDERDONÚCLEOTÉCNICOQUESE
INDISPUNHACOMOSOLAVETES


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