ESTUDO DE CASO
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Ao receber o
diagnóstico de uma
doença crônica
grave, o indivíduo
precisa fazer o
luto daquele corpo
saudável e passar
a conviver com as
limitações impostas
pela nova condição,
pois jamais terá o
mesmo vigor
de mim em um momento bem diferen-
te do atual. Hoje, a emoção me inunda
de tal forma que tenho certeza de que
fi z a coisa certa”, acredita Denise, ali-
nhada à missão de dividir com pessoas
que vivem uma situação difícil o relato
de esperanças, vitórias e superação.
“Essa capacidade que Denise de-
monstrou de lidar com a adversidade
e fortalecer-se a partir do seu diagnós-
tico é denominada de resiliência. Em
situações de doença grave, por vezes,
o indivíduo pode apresentar elevados
sintomas de estresse, deixando o or-
ganismo ainda mais suscetível à do-
ença. Apesar de difícil, estar resiliente
nesse contexto pode contribuir com a
melhora dos sintomas. Muitos fatores
pessoais e sociais infl uenciam na ma-
neira como o indivíduo utiliza seus
recursos internos, mas um fator impor-
tante é o suporte oriundo do sistema
familiar (Angst, 2009). Atualmente,
reconhece-se a necessidade de imple-
mentar ações, no contexto de doença
crônica, que visem o fortalecimento da
resiliência, dados seus benefícios para
estes pacientes (R. G. et al., 2016).”
Etapas
E
m Onde o Deserto Encontra o Mar,
o leitor conhece as etapas diversas
desse pedaço da vida da autora, incluin-
do, entre outros, a reação das pessoas e
as decisões médicas. Ela aponta, como IMAGENS: SHUTTERSTOCK E FREEPIK
E
ssa é uma história de resi-
liência que mostra como
o equilíbrio psicológico é
tão importante na vida de
todos nós. Quem conver-
sa hoje com a astróloga de 55 anos De-
nise Medeiros, vivendo a expectativa
de lançar um livro, não imagina que ela
esteve à beira da morte em 2011. Na
verdade, quando começou a escrevê-lo,
nem sabia se conseguiria terminá-lo: o
diagnóstico de miocardiopatia dilatada
(doença progressiva do músculo cardí-
aco, agravada por um bloqueio total
pelo ramo esquerdo) trouxe, na épo-
ca, a sentença de três meses de vida e
muito medo. Mesmo sem cura, depois
de quatro cirurgias e muitos processos,
Denise vive agora sem os sintomas.
Onde o Deserto Encontra o Mar (Auto-
grafi a) é o registro diário, contado em
detalhes, de quem perdeu a saúde e
passou a conviver com a antinaturali-
dade do estar doente. Denise precisou
se reencontrar nesse caminho, desde a
descoberta da doença até o resultado,
passando pela experiência de quase
morte e assumindo a montanha-russa
de sentimentos que tomaram conta
dela: da revolta pelo diagnóstico à acei-
tação e decisão de lutar pela vida.
“A aceitação do diagnóstico passa
por diferentes fases e pode ser compa-
rada ao processo de luto. Uma das teo-
rias mais conhecidas sobre o processo
de luto foi desenvolvida por Elizabeth
Kübler-Ross, em seu livro Sobre a Mor-
te e o Morrer, que divide o luto em
cinco fases: negação, raiva, barganha,
depressão e aceitação. Ao receber o
diagnóstico de uma doença crônica
grave, o indivíduo precisa fazer o luto
daquele corpo saudável e passar a con-
viver com as limitações impostas pela
nova condição, pois jamais terá o mes-
mo vigor que tinha até então. Portanto,
é comum que o indivíduo fl utue entre
essas fases, assim como fez Denise,
até chegar na aceitação e, a partir daí,
se movimentar para se adaptar a uma
nova realidade.”
A história real e transformadora
de Denise é uma injeção de coragem
e faz pensar sobre o quanto o ser hu-
mano é capaz de superar desafi os, ain-
da que derradeiros. O importante, no
caso de Denise, foi buscar fazer dar
certo, aliado ao tratamento adequado e
ao acesso a médicos, enfermeiros e ou-
tros profi ssionais determinantes para a
guinada na sua condição.
“Não é fácil, nem imediato, mas é
preciso estar determinado ao sucesso,
mesmo diante daquilo que parece im-
possível. É aí que um novo universo vai
se abrir. Meu envolvimento com esse
livro é muito profundo, nasceu dentro
Há algum tempo, o psicólogo trabalhava somente nos aspectos relacionados à saúde-doença. Hoje
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