A CASTRAÇÃO
DENTRO DA LEI
Numa região da Bélgica, todos
os gatos têm de ser castrados.
Por aqui, não há regras
A castração pode
deixar sequelas?
Toda intervenção cirúrgica
pode envolver efeitos
colaterais — e não é
diferente com a castração.
Animais castrados, tanto
machos quanto fêmeas,
viram mais comilões do que
o normal, o que pode levá-los
à obesidade. É o que mostra
uma revisão de estudos
publicada por uma equipe
da Universidade Federal
Rural de Pernambuco.
Segundo os pesquisadores,
felinos esterilizados
apresentam maior risco
de ter diabetes em função
da elevação dos níveis de
insulina — a comilança
pode elevar as taxas do
hormônio para compensar
o exagero. Esterilizações
precoces em fêmeas
também estão ligadas a
consequências indesejadas,
como incontinência
urinária e genitália infantil.
Essa última ocorre por
causa da diminuição
antecipada dos hormônios
reprodutivos, essenciais
para o desenvolvimento
físico do bicho, e pode
acarretar inflamação na
região genital. Outras
pesquisas sugerem que
alterações hormonais como
hipotireoidismo tendem
a ser mais frequentes em
animais castrados, embora
não haja uma razão clara
para isso. Na maioria dos
casos, os problemas são
evitados realizando o
procedimento na idade certa
e ficando atento aos sinais
estranhos no pós-operatório.
A veterinária Mariana Talib
garante: “A castração é
considerada uma intervenção
segura e benéfica
a longo prazo”. −
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Em 2016, a esterilização obrigatória de
gatos domésticos foi decretada pelo
governo da Valônia, região no sul da
Bélgica. Os bichos devem ser castrados
até os 6 meses de idade e depois são
registrados no CatID, base de dados que
recolhe informações básicas de animais
e cuidadores. Isso ajuda a identificar
os responsáveis pelo gato em casos de
perda ou abandono. Para monitorá-los,
veterinários autorizados implantam um
microchip no lado esquerdo do pescoço. A
lei entrou em vigor em novembro de 2017.
No Brasil, apesar de projetos nessa toada,
ainda não há legislação que obrigue tutores
ou o poder público a fazer o procedimento.
SAÚDE É VITAL • SETEMBRO 2019 • 45