AS ALERGIAS
MAIS COMUNS
DERMATITE
ATÓPICA
É uma doença
genética inflamatória
na qual a pele se
torna sensível a
estímulos variados
do ambiente, como
pólen, ácaros, grama,
pó doméstico etc.
ALIMENTAR
Com sintomas
semelhantes aos da
dermatite atópica,
o diagnóstico se
dá pela mudança
da dieta durante
60 dias. Os fatores
alergênicos mais
reportados são as
proteínas da carne
bovina, do frango,
do trigo e do leite.
A PICADAS
DE INSETOS
É uma reação
localizada a partir
do contato com a
saliva da pulga, do
carrapato ou de
outros parasitas.
Mais comum fora
dos grandes centros
urbanos ou em áreas
com saneamento
precário.
DE CONTATO
Problema pontual
desenvolvido a
partir do toque ou
convívio do animal
com algo que irrite a
pele, como a coleira
ou certos produtos
químicos.
Q
uem tem um bicho em casa sabe que
aquela coceirinha atrás da orelha ou
a lambidinha nas patas é hábito cor-
riqueiro. De fato, cães e gatos, assim como
humanos, se coçam vez ou outra sem que
isso vire um problema. Mas, quando esse
comportamento é constante, pode indicar a
presença de uma alergia, condição que nor-
malmente não tem cura e é capaz de com-
prometer o bem-estar do pet. Nos centros
urbanos, a má notícia é que a manifestação
mais incômoda é também a mais comum.
Falamos da dermatite atópica, doença gené-
tica que exige acompanhamento e tratamen-
to junto ao veterinário.
“O tutor vai perceber se a coceira passa
do limite aceitável. Quando o animal inter-
rompe uma atividade, como comer, beber
água ou brincar, para se coçar é sinal de
que ela é patológica”, sinaliza o veterinário
Alexandre Merlo, gerente da farmacêutica
Zoetis, que desenvolve pesquisas e medi-
camentos para dermatite atópica. Embora
faltem estatísticas e dados científicos sobre
a incidência dessa e de outras encrencas de
base alérgica em animais de estimação, os
profissionais são unânimes em afirmar que
a chateação na pele já é a principal razão
para procurar um veterinário.
Mas o que estaria acontecendo para que
tantos cães e gatos desenvolvam reações do
tipo? “É o estilo de vida. Com a humanização
dos pets, eles passaram a ser tratados como
crianças, gente da família. Vivem dentro de
casas e apartamentos, e isso acarreta uma sé-
rie de condutas que levam ao aumento dos
problemas na pele”, analisa a veterinária Flá-
via Clare, professora da Equalis Educação em
Medicina Veterinária, em Curitiba.
Trata-se do que os cientistas chamam de
hipótese da higiene. Segundo essa teoria,
quanto mais o dono cuida do seu bicho
como se ele fosse um filho, com banhos re-
gulares e ambiente limpinho, maior é a pro-
babilidade de o sistema imunológico dele fi-
car sensível a poeira, ácaros e outros agentes
que se espalham pelo ar e pelo chão. Sem ter
com o que se preocupar, as defesas acabam
hiper-reagindo a fatores externos que não
costumam causar estragos. Da mesmíssima
forma que acontece com os humanos, tam-
bém bem mais alérgicos nas últimas décadas.
A questão é que a dermatite atópica, es-
pecialmente, destrambelha a saúde física e
mental do animal. “Notamos irritabilidade,
intolerância e ansiedade”, aponta Marconi
Farias, professor de veterinária da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná. O pruri-
do frequente leva a feridas crônicas que po-
dem até dispersar um cheiro desagradável.
É que, sem tratamento, as lesões evoluem
para uma infecção bacteriana ou fúngica.
Isso acontece quando o ecossistema da pele
se desequilibra, e os seres microscópicos que
habitam naturalmente a região se proliferam
e invadem inclusive a corrente sanguínea. É
um perigo que não fica à flor da pele. »
SAÚDE É VITAL • SETEMBRO 2019 • 47