Pulgas, ácaros e carrapatos,
os arqui-inimigos da pele
Sua presença não costuma ser
difícil de notar. Por se tratar de
parasitas externos e visíveis,
pulgas e carrapatos tendem a ser
percebidos mais cedo pelos tutores.
E mesmo os ácaros, embora
microscópicos, produzem reações
claras na pele. O fato de serem
mais identificáveis, no entanto,
não os torna menos problemáticos.
Além de causarem uma série de
chateações por si mesmos, pulgas,
ácaros e carrapatos também podem
ser vetores de outros parasitas.
As pulgas tomam conta do corpo do
animal tanto a partir do ambiente
quanto pelo contato com outros
bichos infestados. Praga comum no
dia a dia e nas clínicas veterinárias,
provocam coceira, irritação e
manifestações alérgicas na pele.
Em caso de infestações severas,
chegam até a provocar anemia,
pois o inseto se alimenta do sangue
dos hospedeiros. A pulga ainda
pode carregar um verme perigoso,
o Dipylidium caninum, causador da
dipilidiose, uma doença intestinal.
Os carrapatos também se esmeram
em encontrar abrigo e comida
na parte externa do organismo.
Estão distribuídos em mais de
870 espécies e são temidos pelos
prejuízos que causam à pecuária.
O tipo mais comum em animais de
companhia brasileiros é o carrapato
marrom, o Rhipicephalus sanguineus.
Embora seja mais frequente em
cães, ele também persegue gatos.
A exemplo das pulgas, carrapatos
podem levar à anemia, não só por
se alimentar de sangue mas por
transmitirem um protozoário que
ataca glóbulos vermelhos e brancos,
causando uma doença conhecida
como babesiose. “É importante
lembrar que só 5% das larvas estão
no corpo do hospedeiro. O restante
está no ambiente ao redor”, observa
o veterinário Gervásio Bechara,
professor da Pontifícia Universidade
Católica do Paraná. “Muita gente,
ao tratar seu animal, acaba fazendo
uma prevenção errada: esquece
os 95% que estão na casinha, na
grama, no cimentado”, alerta. Por
isso, precisamos estar atentos aos
ninhos do bichinho, que pode se
abrigar nas paredes e em locais
mais altos, próximos ao teto.
Ácaros, assim como os carrapatos,
são aracnídeos, só que invisíveis
a olho nu. Sua presença está
relacionada aos diferentes tipos
de sarna, como a demodécica, a
otodécica e a sarcóptica, as mais
comuns nos pets. A principal vilã
é a sarna sarcóptica, que, além
de altamente contagiosa, pode
ser transmitida ao tutor. Diante
dela, a pele fica vermelha e com
coceira intensa, levando à abertura
de feridas e à queda de pelos. A
sarna demodécica não costuma
causar coceira nem é transmissível
a humanos. Já a otodécica causa
forte coceira nas orelhas e vem
acompanhada por uma secreção
escura — uma forma de identificá-
-la em seu cão ou gato é se eles
estão chacoalhando a cabeça com
frequência, uma tentativa de aliviar
o incômodo. A despeito do tipo,
convém visitar o veterinário.
Existem
mais de
870
espécies de
carrapato
Eles causam
3,4
bilhões
de reais de prejuízo por
ano à indústria da
pecuária
30 • SAÚDE É VITAL • SETEMBRO 2019