Você S A - Edição 217 - (Agosto 2016)

(BrasilTuga) #1

VOCÊ S/A | AGOSTO DE 2016 | 77


C


ostumo dizer que a única di-
ferença entre mim e os jo-
vens que estão ingressando
no mercado hoje e é que eu
sou jovem há mais tempo.
Essa afirmação passou a fa-
zer mais sentido quando con-
cluímos a pesquisa Carreira
dos Sonhos, que o Grupo DMRH fez em
parceria com a Nextview People. Este ano,
percebemos que era a hora de ir além das
aspirações de carreira dos jovens. Querí-
amos ouvir, também, profissionais da mé-
dia gestão e da alta liderança. E o que
descobrimos nos surpreendeu: as diferen-
ças geracionais estão cada vez mais sutis.
As respostas dos mais de 72 000 parti-
cipantes nos mostraram que todos, inde-
pendentemente do momento de carreira,
querem basicamente as mesmas coisas: um
trabalho que gostem de fazer, que tenha sig-
nificado, que gere um impacto positivo, que
lhes proporcione desenvolvimento e que não
ocupe todo o tempo. O que muda em algu-
mas questões é a ordem de prioridade desses
desejos, de acordo com o período de vida.
Mas jovens, médios gestores e executivos
consideram o sucesso profissional e a boa
relação familiar duas das três coisas mais
importantes na vida. Para os que estão em
início de carreira ou ainda não atingiram
uma posição executiva, sucesso profissio-
nal aparece em primeiro lugar. Já a alta li-
derança coloca a boa relação familiar na
frente. E todos acreditam que sucesso pro-

fissional é, antes de tudo, ter paixão pelo
que se faz. Considerando essa resposta, ou-
tro dado chamou bastante a atenção: se di-
nheiro não fosse uma preocupação, todos
trabalhariam com o que gostam. Ao que pa-
rece, muita gente não está atingindo o que
considera sucesso profissional, que é uma
das coisas mais importantes na vida. O fu-
turo do trabalho será bem diferente do que
é hoje. Os avanços tecnológicos estão im-
pactando os modelos de negócios, a eco-
nomia, o estilo de vida e os nossos valores.
Com pouca ou muita vivência no mer-
cado, todos desejam que suas carreiras
inspirem pessoas. E acreditam que ter
equilíbrio é melhor do que um bom salário.
Grande parte das companhias está desco-
nectada desse novo cenário. Isso fica eviden-
te ao notarmos que, nos últimos quatro anos,
caiu de 77% para 50% o percentual de jovens
que apontam uma empresa dos sonhos. Na
alta liderança, a queda desse percentual foi
de 66% para 51%, no mesmo período. Daqui
para a frente, as organizações precisam estar
mais atentas para oferecer projetos desafia-
dores em vez de simples vagas de emprego.

Na pesquisa Carreira dos Sonhos, um resultado surpreendeu: as diferenças entre
os anseios dos profissionais de vários níveis e gerações estão cada vez mais sutis

Desejos em comum


SOFIA
ESTEVES
é fundadora e
presidente do Conselho
de Administração do
Grupo DMRH, professora
e pesquisadora de
gestão de pessoas

‘‘Descobrimos que todos


acreditam que sucesso


profissional é ter paixão


pelo que se faz”


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