C A P Í T U L O 1 2
NÃO SENTEM QUE O MUNDO
LHES DEVE ALGUMA COISA
Não fique por aí dizendo que o mundo lhe deve um meio de sustento. O mundo não lhe
deve nada. Ele chegou primeiro.
- ROBERT JONES BURDETTE
Lucas procurou a terapia porque o pessoal do departamento de recursos humanos de
sua empresa sugeriu que ele aproveitasse o programa de assistência aos funcionários para
lidar com alguns problemas que estava tendo no trabalho. Assim, ele poderia fazer diversas
sessões sem pagar.
Lucas tinha sido contratado recentemente para seu primeiro bom emprego após a con-
clusão do MBA. Estava animado com o cargo e acreditava de verdade na empresa para a qual
trabalhava. Mas não sentia que seus colegas estivessem com o mesmo entusiasmo por tê-lo a
bordo. Ele explicou que muitas vezes fazia sugestões de como seu supervisor podia aumentar
a rentabilidade da firma e tentava ajudar seus colegas a se tornarem mais eficientes e produti-
vos. Oferecia ideias nas reuniões semanais da equipe, mas achava que ninguém estava escu-
tando. Chegou a marcar uma reunião com o chefe para pedir uma promoção para uma posi-
ção de liderança. Achou que ter mais autoridade deixaria os outros mais dispostos a aceitar
seus conselhos.
Para seu desalento, seu supervisor não estava interessado em promovê-lo. Em vez dis-
so, pediu que “baixasse a bola” se quisesse continuar no emprego, porque seus colegas já es-
tavam reclamando de sua atitude. Depois da reunião, Lucas foi ao escritório de recursos hu-
manos da empresa para se queixar, e foi então que lhe recomendaram fazer terapia.
Quando Lucas e eu conversamos, ele me disse que sentia que merecia uma promoção.
Apesar de ser novo na empresa, estava certo de ter grandes ideias sobre como tornar o negó-
cio mais rentável e achava que deveria ganhar mais do que seu salário atual. Exploramos es-
sa suposição de que ele era um empregado bastante valioso e como seu empregador poderia
enxergar as coisas de maneira diferente. Também discutimos as consequências de ele ter um
comportamento tão ousado assim. Lucas reconheceu que a conclusão a que ele chegara es-
tava claramente lhe causando alguns problemas no escritório – seus colegas, e, é provável,
seu supervisor, estavam incomodados.
Ao perceber que sua postura de “sabe-tudo” estava afastando as pessoas, Lucas e eu
discutimos como seus colegas deviam se sentir ao trabalhar com ele. Alguns deles estavam
na empresa havia décadas e aos poucos tentavam subir na carreira. Lucas disse que entendia
a frustração de alguns deles quando um garoto recém-saído da faculdade tentava lhes ofere-
cer conselhos. Admitiu que com frequência os achava “burros”, e discutimos como esse tipo
de pensamento apenas iria alimentar seu desejo de se comportar de modo autoritário. Ele se
esforçou para reenquadrar esses pensamentos de forma a poder reconhecer o valor dos em-
pregados antigos para a empresa. Em vez de ver seus colegas como “burros”, aprendeu a re-
agir dizendo a si mesmo que eles apenas viam as coisas de um jeito diferente. Quando come-
çava a pensar que era um empregado melhor do que qualquer um dos outros, lembrava a si
mesmo de que tinha acabado de sair da faculdade e ainda tinha muito a aprender.