C A P Í T U L O 8
NÃO COMETEM O MESMO ERRO
VÁRIAS VEZES
O único erro real é aquele com o qual nada aprendemos.
- JOHN POWELL
Ao entrar no consultório, a primeira coisa que Kristy me disse foi: “Tenho um diploma
universitário e sou inteligente o bastante para não gritar com meus colegas de trabalho. Por
que não consigo parar de gritar com meus filhos?” Todas as manhãs, ela fazia a si mesma a
promessa de que não gritaria com os dois filhos adolescentes. Mas quase toda noite ela se
via levantando a voz com pelo menos um deles.
Ela me contou que se sentia frustrada quando as crianças não lhe davam ouvidos. E,
nos últimos tempos, parecia que nunca ouviam. Sua filha de 13 anos se recusava a fazer as
tarefas domésticas e seu menino de 15 não se esforçava com o dever de casa. Sempre que
chegava em casa e os encontrava vendo TV e jogando videogame, Kristy os mandava
cumprirem suas tarefas, mas eles com frequência respondiam a ela, que acabava recorren-
do aos gritos.
Kristy sabia muito bem que gritar com os filhos não era bom para eles. Reconhecia
que isso apenas piorava a situação. Tinha orgulho de ser uma mulher inteligente e bem-
sucedida, mas ficava surpresa por ter que lutar para manter essa área de sua vida sob con-
trole.
Ela passou algumas sessões examinando por que continuava cometendo os mesmos
erros várias vezes. Descobriu que de fato não sabia disciplinar os filhos sem gritar e não
conseguiria parar de fazê-lo enquanto não tivesse um plano alternativo. Assim, traçou diver-
sas estratégias que poderia usar para responder ao comportamento desrespeitoso e desafi-
ador deles. Decidiu que faria apenas uma advertência e depois lhes aplicaria uma punição
se não fizessem o que ela tinha pedido.
Ela também precisava aprender a reconhecer quando estava ficando com raiva, para
poder se afastar da situação antes de começar a gritar. O problema parecia ser que, quando
perdia a paciência, seus pensamentos racionais sobre disciplina iam por água abaixo.
Trabalhei mais a fundo com Kristy para ajudá-la a encontrar um novo jeito de encarar a
disciplina. Quando veio a mim pela primeira vez, ela admitiu pensar ser sua responsabilida-
de garantir que os filhos agissem como ela estava mandando a qualquer custo, porque, se
não o fizessem, isso mostrava que eles tinham ganhado. Mas esse método sempre fracas-
sava. Então ela desenvolveu uma nova abordagem da disciplina ao deixar de lado a ideia
de que tinha que vencer uma disputa de poder. Se os filhos se recusassem a seguir suas
ordens, ela retirava seus aparelhos eletrônicos sem argumentar nem tentar forçá-los a se
comportar.
Demorou um pouco para ela aprender a mudar suas estratégias como mãe. Havia
momentos em que ainda se via gritando, mas agora ela tinha estratégias alternativas à sua
disposição. Cada vez que se via recaindo, podia reconsiderar o que a provocara e identificar
estratégias para evitar erguer a voz da próxima vez.