IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

o longo de minha vida militar sentira o lento e contínuo esvaziamento do Estado-Maior do
Exército, como órgão de coordenação do Planejamento Militar da Força Terrestre. Desde os postos
de major e tenente-coronel, quando ali servira, notara que seus estudos e pareceres sofriam
implacável exame e conseqüentes críticas de oficiais do gabinete ministerial, que os recebiam para
apresentação ao ministro, sendo, não raras vezes, publicados com modificações, contudo, sempre sob
uma pretensa responsabilidade do Estado-Maior do Exército, para salvar as aparências.


Formara-se, assim, um escalão de censuras, do meu ponto de vista incompatível com a hierarquia
militar, visto que documentos estudados, minuciosamente, por oficiais de alto nível profissional,
como os que integram aquele órgão, e examinados por vários generais, inclusive pelo próprio Chefe
do Estado-Maior do Exército, ficavam sujeitos a este tratamento. Fato idêntico ocorria, também, em
relação aos documentos remetidos ao ministro pelos departamentos. Tal procedimento só seria
plausível com os papéis de rotina, mesmo assim apenas quanto à forma e jamais à essência. Trazia,
além disto, este processo, inconvenientes gravíssimos, como o retardo no encaminhamento do
expediente, num emperramento burocrático que - como comprovei em algumas ocasiões - estendia-se
por meses, e o aumento sempre crescente do efetivo do gabinete ministerial, exigindo ampliações de
locais e aquisição de material, sem considerar outros aumentos de despesa. A solução, racional e
lógica, foi a de reduzir pela metade aquele efetivo e atribuir aos órgãos setoriais - EstadoMaior e
departamentos - a responsabilidade da dinâmica de toda a documentação, do elaborar ao expedir.


Os chefes de departamento, despachando rotineiramente com o ministro, debatiam propostas,
medidas e providências, e retiravam-se com orientação definida e precisa. Procedeu-se, portanto, a
uma descentralização lógica e racional, com grandes resultados.


O Estado-Maior do Exército passou a ser, na realidade, o verdadeiro EstadoMaior do ministro,
exercendo, em plenitude, sua difícil tarefa de coordenação geral; seu chefe - o general-de-exército
Fritz de Azevedo Manso acompanhou-me por todo o país e com ele apreciei in loco soluções para os
sérios problemas que nos assoberbavam.


Posso assegurar que o chefe e a organização não decepcionaram, porquanto firmaram de modo
irretorquível a tradicional asserção de que o Estado-Maior do Exército é a peça basilar da Força
Terrestre.


Animava-me o intento de lutar pela operacionalidade do Exército, convencido de que "uma
Free download pdf