IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

todo momento, na linguagem capciosa dos "homens de esquerda" que falam com simulado
desembaraço de várias democracias. Brotaram, deste modo, das especulações políticas, as locuções
híbridas democracia cristã, socialdemocracia, democracia relativa, democracia popular, democracia
autoritária, socialdemocracia de centro etc..., algumas delas ensopadas de ridículo. O marxista
ortodoxo Mao Tsé-Tung criou a mais paradoxal de todas: a ditadura democrática.


Por que democracia cristã se o pensamento cristão - historicamente igualitário -já está latente na
forma democrática de governo e bem interpretado na igualdade de oportunidades que todos devem
usufruir?


Em que o adjetivo "social" irá modificar o exercício da democracia, quando esta é um regime
político de soberania popular e a sociedade nada mais é do que o povo estratificado em classes
vivendo sob as mesmas leis e normas?


Como pode uma democracia ser relativa? É relativa quanto à aplicação das leis ou à intensidade
com que são auferidos liberdades e direitos? No primeiro caso processa-se a dilapidação do
princípio basilar de igualdade, no segundo, jugula-se o comportamento individual; em ambos, não há
democracia, na sua lídima acepção.


Os marxistas, férteis em invenções deste gênero, denominam democracia popular aos regimes
políticos monopartidários,s existentes nos países socialistas, abusando de um pleonasmo vicioso,
talvez pela necessidade de - segundo os ensinamentos do famoso Ivan Pavlov - martelar a
credulidade pública, criando reflexos condicionados que o façam ver ditaduras vestidas com
roupagens democráticas.


Outra expressão interessante, digna de ser citada, é a democracia autoritária, usual em certos
governos totalitários. Distinguem-se estes regimes por possuírem executivos fortes. Acredito que
fortes nas democracias devem ser somente as leis, elaboradas no sentido da ordem e do bem-estar
comum. É imprescindível, entretanto, para isso, que os poderes Executivo, Judiciário e Legislativo
não se abastardem e sejam realmente independentes. Uma democracia que não dispõe de autoridade
não é uma democracia, é um farrapo de democracia.


Não se explica, conseqüentemente, a justaposição do adjetivo autoritária.

Todavia, o importante nos regimes políticos não é, precisamente, a denominação, mas a maneira
de exercê-los. A questão basilar, em todos eles, é o relacionamento Estadoindivíduo. O Estado não
pode usar de seu poder para absorver e asfixiar o indivíduo, violentando-lhe a personalidade, nem o
indivíduo deve ansiar por liberdades irrestritas, que entravem a ação do Estado e ameacem a
coletividade. Todo regime político é fruto de um movimento de idéias e gera uma mentalidade que,
em regra geral, a maioria do povo, consciente ou inconscientemente, adota. Ilustrando esta assertiva
cito, em paráfrase, apreciação de Gustave Le Bon, anotada de um de seus livros,' realçando duas
mentalidades - "a francesa e a alemã - de concepções antagônicas sobre os deveres do Estado e do
indivíduo. O gaulês admite a existência do Estado pela necessidade de um órgão que estabeleça e

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