IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

VIAGENS E INSPEÇÕES


Em 1975, obedecendo ao plano que traçara, de visitar o maior número de unidades do Exército,
retomei o contato com a tropa. Em 17 de março desembarquei no aeroporto de Gravataí, e,
acompanhado do Chefe do EME e do Comandante do III Exército, percorri todos os quartéis-generais
e a maioria das unidades ao sul do rio Ibicuí. Encontrei sempre a tropa carente de recursos materiais,
mas sustentada por um sentimento cívico e uma responsabilidade profissional louváveis. A visita do
ministro e do Chefe do EME teve, nas guarnições, efeitos tonificantes. Identificados, chefes e
comandados, pela intenção de levantar as dificuldades - que eram abundantes - e sugerir os meios
para, se não saná-las, atendê-las razoavelmente, estabeleceu-se um diálogo fácil e franco, como
costuma acontecer quando a confiança é recíproca.


Nos dois primeiros dias que passei em Porto Alegre, tive a satisfação de conhecer o parque
Osório e foi com incontida emoção que penetrei na casa onde o glorioso patrono de minha Arma - a
Cavalaria - vivera. Procurei traçar, no livro a isto destinado, a impressão magnífica que guardei
daquela área distante. A morada, desenhando-se na bruma matinal de um dia frio, tinha a seu lado o
lanchão "Seival" de Garibaldi. Eram dois monumentos que a tradição conservara, dois marcos da
história da Pátria, recordando à posteridade os vultos de dois grandes heróis.


A Guarnição de São Leopoldo, na qual passei um dia, apresentava níveis disciplinar e técnico
muito bons. A sua unidade de artilharia - o 16° Grupo de Artilharia de Campanha - lutava com
deficiência de parques e de transporte para o seu material.


Em Bagé, percorremos as históricas colinas, tantas vezes palco das invasões platinas. Lá
estavam as ruínas do forte de Santa Tecla, baluarte construído pelos espanhóis, no século XVIII, na
avançada para o norte, procurando as margens do rio Jacuí, e arrasado, dois anos após, pelos
portugueses. Montado sobre a Coxilha Grande, em posição dominante, fora ponto de apoio
importante nas heróicas lutas pela fixação de nossas fronteiras. Comentamos a excelência do lugar,
do ponto de vista militar, e o valor dos desbravadores daquela região, isolados praticamente do
mundo civilizado e pertinazes defensores da causa da Pátria. Aquelas ruínas evocavam o passado
que devíamos cultuar, porque em país de tão curta vida política estas fontes de civismo não podem
ser esquecidas. Era a tradição viva, cujos valores espirituais deveriam ser ressaltados em beneficio
da educação moral dos jovens. O prefeito de Bagé e outras personalidades de destaque da cidade
lamentaram a falta de recursos para preservar do tempo monumentos históricos, iguais ao que
visitávamos.

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