IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

que nos deixou, porém, boquiabertos foi um sacerdote da Igreja de Cristo, um cardeal - homem que
cumpre a sublime missão de salvar os cristãos das garras do materialismo dialético -, vir a público
aconselhar o governo brasileiro que proceda com urgência a esse julgamento, para não passarmos
por um vexame internacional.


Ao ler suas declarações,' claro endosso às calúnias e vis imputações, lançadas aos militares,
apesar da perplexidade, só podemos chegar a uma ilação - ou esse cardeal é um santo ingênuo ou um
inveterado marxista.


A partir de 1974, extintos os focos de guerrilhas rurais e neutralizadas as ações urbanas,
voltaram-se os órgãos de segurança para as atividades clandestinas do Partido Comunista Brasileiro.
Este partido era, e continua sendo, a única organização subversiva marxista que, na realidade,
constitui uma ameaça latente à democracia.


Muito bem estruturado, contando com quadros capazes e experientes, recebendo
ininterruptamente apoio externo, tem facilidade de penetração na classe operária e nos setores
político, religioso e dos intelectuais. Não obstante as divergências doutrinárias e dissidências que
grassaram entre os marxistas - correntes ortodoxa, pacifista, maoísta, militarista etc. - que chegaram
a dilacerá-los em cerca de 30 facções, fixou-se o PCB na linha de ação pacifista. Em torno desta
orientação estabeleceu-se a unidade comunista, embora haja ainda duas nuanças a considerar: a
liberal e a nacionalista. A primeira não admite composições com o governo e reivindicava naquela
época uma abertura política, a revogação do AI-5 e do Decreto 477, a anistia, liberdade sindical e de
imprensa, uma Constituinte, direito de habeas corpus etc. A segunda, aparentemente mais tolerante,
consistia em assistir e permitir o avanço do processo revolucionário militar e ir nele se integrando,
quando surgissem as oportunidades, para dominá-lo, à semelhança do lendário cavalo de Tróia.


Perigosíssimas a longo prazo, estas duas modalidades de atuar inserem-se na concepção do
domínio gradativo, preconizado por Marx, em 1848, no Manifesto do Partido Comunista. São
eficientíssimas nos países de regime representativo. A orientação nacionalista, no entanto, sofre
sérias objeções do Partido Comunista da União Soviética, o que é fácil de entender, pelos arroubos
de independência que poderão surgir.


Depois do fracasso da linha ortodoxa, em 1935, os marxistas do PCB passaram a aplicar, aqui,
com excelentes resultados, a intervenção gradual, usando exuberantemente a infiltração. Este método
foi empregado na dominação da Hungria, merecendo do chefe comunista húngaro Mátyás Ràkosi o
nome de "tática do salame; visto que permite devorar gradual e imperceptivelmente - fatia por fatia -
a ingênua democracia. A Revolução de 1964 conteve-os, mas abriu-lhes outras sendas - como o
abandono da juventude - para novas investidas. E eles aproveitaram-nas bem.


Renunciando, talvez temporariamente, à violência armada, o PCB incita, em 1977, a agitação
subversiva em todo o país.


A esquerda clerical transforma axvAssembléia Geral daCNBB em arena de debates
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