Informes mais esparsos davam conta de reuniões de militares e destes com políticos, para tratar
da redemocratização, como definiam suas confabulações de cunho socialista.
Eram citados com freqüência nesses informes o empresário Fernando Gasparian e o sociólogo
Fernando Henrique Cardoso, do Centro de Estudos Brasileiros de Assuntos Políticos (CEBRAP).
Em fins de 1976, realizou-se, em Caracas, uma reunião dos partidos socialistas organizada pela
Internacional Socialista, que contava com mais de 50 filiados. Consoante comentários correntes no
Congresso, participaram daquela assembléia Fernando Gasparian e o senador Marcos Freire,
convidados pelos venezuelanos. Constou nessa ocasião que o Partido Socialista Português forneceria
fundos para a criação de um Partido Socialista Brasileiro. Várias especulações foram feitas, na
época, por elementos radicais do Movimento Democrático Brasileiro, segundo propalavam círculos
políticos, sobre o nome da nova organização, que poderia ser Partido Democrata Social.
Os entendimentos dos socialistas europeus eram públicos e constantes com muitos políticos
brasileiros, ditos de esquerda. A imprensa portuguesa insistia em anunciar encontros de deputados
brasileiros com dirigentes socialistas em Paris, Londres e Madri. A Internacional Socialista
designou, em 1977, uma delegação para atuar na América Latina, sob chefia de Mário Soares,
visando a desenvolver o que denominou "socialismo democrático".
Considerando a gravidade dessa situação, determinei que meu gabinete selecionasse da imprensa
nacional e estrangeira os fatos que definissem a investida socialista no Brasil.
Trabalho bem coligido, robustecido com apreciações de oficiais conhecedores do assunto, foi
mandado ler, por mim, em reunião do Alto Comando do Exército. A matéria, embora de divulgação
conhecida, recebeu classificação sigilosa, com o objetivo de evitar explorações. Julgaram,
entretanto, os generais membros do Alto Comando de grande interesse fosse difundida pelos demais
generais seus subordinados.
Concedi a autorização condicionando-a, contudo, a que o próprio general-deexército procedesse
à leitura, proibindo-se cópias do documento.
A recomendação, todavia, não foi cumprida à risca pelo Chefe do Departamento de Material
Bélico, que delegou ao seu subchefe - general-de-divisão José Maria de Andrade Serpa - a
incumbência de proceder à leitura. Não houve, também, cuidado na escolha da dependência
destinada à reunião dos generais, e o que lá se disse foi ouvido nas salas contíguas.
Ao ler a síntese, em dado momento, o general Serpa deteve-se e pronunciou termos do teor
seguinte:
- É melhor que façam logo esse partido, porque assim nós saberemos quais são os comunistas...
Ao ouvir estas palavras, o general-de-brigada Newton Araújo de Oliveira Cruz, homem muito