IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

Confundindo socialismo com justiça social, igualitarismo etc., sem pendor para dicotomizar,
vejo somente duas explicações: a ignorância ou a acomodação.


A ignorância não pode ser invocada em considerações tão rudimentares. Restanos a
acomodação, qualidade política que assegura a defesa de seus interesses no apoio disciplinado aos
desígnios do governo, visto ser inconcebível que qualquer militar, sabendo ser o socialismo o feto
do comunismo, o aceite e aplauda, de consciência.


É, também, uma ilusão pensar que este comportamento garantirá o bem-estar futuro, porque o
comunista tem valores e linguagem diferentes dos nossos e sabe aplicá-los, oportuna e
implacavelmente.


Luís Carlos Prestes, brasileiro de nascimento e russo por opção, visitou Moçambique em fins de
junho e princípios de julho de 1977, onde assinou, como representante do Partido Comunista
Brasileiro, um acordo com a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) para reforçarem e
desenvolverem o internacionalismo proletário e o marxismo-leninismo, à base de relações fraternas
e cooperação.'


Os jornais de Maputo e o jornal de Angola comentaram o acontecimento.

Hoje, ele e seus correligionários, com a mesma falácia cínica de sempre, estão pregando a
democracia e a difusão do socialismo. Não mais se fala em comunismo, em ditadura do proletariado,
na extinção da propriedade privada e no controle da produção, expressões abolidas por
inconvenientes e inoportunas à sua propaganda, nesta fase de "travessia"; como a denominou ilustre
militar.


Chegaram os marxistas à "compreensão" de aceitar a conciliação ardorosa e ingenuamente
proposta pelo governo.


Mas o que é conciliação para os marxistas?

O jornal Voz Operária de junho de 1977 divulga a sua interpretação pela comissão executiva do
PCB:


O mecanismo da livre discussão e representação dos mais diversos setores e camadas da
sociedade é o mecanismo que permite a conciliação nacional, entendida como um consenso em
torno de algumas questões básicas, que se referem fundamentalmente à própria existência de um
regime democrático, mas não exclui as divergências, por vezes mesmo profundas, sobre o
encaminhar os problemas relativos ao desenvolvimento econômico e social do Brasil.

Assim é que os comunistas entendem e almejam a conciliação.

Anistia ampla e irrestrita, liberdade de organização das correntes políticas e livre manifestação
de idéias e tendências políticas era em 1977 o que pediam. Em parte, estas reivindicações já foram

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