elevado conceito em que eu tinha o general Carlos Alberto.
Naquele mês, às vésperas da promoção, ao apreciar a lista de escolha organizada pelo Alto
Comando, disse em relação ao referido general:
- O Carlos Alberto é um radical... não posso promovê-lo...
Era o mesmo chavão de sempre; os que não comungavam das idéias de esquerda dos ocupantes
do palácio do Planalto eram radicais. As tríades de Aristóteles explicam perfeitamente esta
tendência de os comunistas e fascistas chamarem os democratas de antiliberais, imperialistas e
radicais.
Não deixei sem resposta o presidente:
- Isto não é verdade, presidente! Ele deve ser promovido!
O Carlos Alberto fora meu comandado e provara sobejamente, em todas as missões que
desempenhara, ser um grande chefe militar. Comandara o 40 Regimento de Infantaria, em Quitaúna,
unidade que se constituiu a peça básica do êxito revolucionário em São Paulo. Lançara-se com um
Destacamento Motorizado sobre Curitiba, chegando ali, em excelentes condições de combate, após
ter percorrido em onze horas de marcha mais de 400 quilômetros. Os argentinos estudaram este
importante feito sob o título de "Operações tidas como impossíveis".
Coração magnânimo, chefe de família exemplar, homem que não sufocava seus ideais com as
vantagens das posições, era, antes de tudo, um sincero patriota. Não via razões para que fosse
preterido. Defendi, portanto, com ardor a sua promoção.
O presidente prosseguiu:
-Você é amigo dele?
- Sim, mas não é por isso. Ele merece ser promovido... pelo que é.
- Está bem, posso promovê-lo, porém vou nomeá-lo, depois, Ministro do Superior Tribunal
Militar. Ele aceitará...? - O que o senhor não pode, presidente, é deixar de promovê-lo... quanto ao resto, estou certo que
aceitará. Por que não aceitar? É uma honra...
Ficou, assim, assentada a promoção do general Carlos Alberto Cabral Ribeiro e evitada a
consumação de clamorosa injustiça.
A lista de escolha para general-de-divisão trouxe-me alguns aborrecimentos. Todavia, antes de
expô-los, desejo reportar-me a algumas apreciações feitas, anteriormente, pelo presidente sobre os